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CARNAVAL
SP canta sua história com sotaque carioca
Com tema único sobre os 450 anos da cidade, festa terá vários "estrangeiros" por trás dos enredos, carros alegóricos e fantasias
SIMONE IWASSO
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Carnaval paulistano terá a
história de São Paulo como tema
único dos desfiles das escolas de
samba do Grupo Especial, numa
homenagem aos 450 anos da cidade, mas haverá um sotaque diferente por trás dos carros alegóricos, fantasias e alegorias que estarão a partir da noite de hoje no
Sambódromo do Anhembi.
Não são paulistanos, mas cariocas, muitos dos quais continuam
vivendo no Rio, os carnavalescos
que prepararam a forma como a
maioria das escolas de samba vai
falar da culinária, da formação
dos bairros, das religiões, do café,
da culinária, dos migrantes, da arte, de personagens e fatos históricos da São Paulo de Piratininga
aos tempos de hoje.
Agremiações que costumeiramente são elencadas como favoritas, como Gaviões da Fiel (campeã de 2003), Vai-Vai (recordista
de títulos, com 12 vitórias) e Rosas
de Ouro, trocaram seus profissionais responsáveis pelos desfiles,
delegando a tarefa a carnavalescos que já acumulam a experiência da Marquês de Sapucaí.
Elas não são as únicas: Mocidade Alegre, Águia de Ouro, X-9
Paulistana e Barroca Zona Sul são
mais alguns exemplos.
A "importação" de profissionais do Carnaval do Rio de Janeiro não é nova, mas desperta a
atenção neste ano não apenas pelas recentes aquisições como por
trazer um desafio extra, já que eles
foram obrigados a contar uma
história que não lhes é familiar.
Um exemplo é do estreante na
festa paulistana, Lane Santana, 29,
carnavalesco carioca da Vai-Vai.
Para "saber do que estava falando", ele foi morar no Bexiga, pesquisou a história, perambulou pelas ruas, travou conversas com
moradores tradicionais e freqüentou a vida noturna do bairro.
Formado em artes plásticas e
ex-assistente de Joãosinho Trinta,
Santana começou a carreira na
São Clemente, do Rio. "Foi um
desafio chegar em um lugar em
que você não conhece nada e criar
um enredo", comenta.
Existem várias explicações para
a presença cada dia mais comum
de profissionais do samba do Rio
no Sambódromo de São Paulo. A
primeira, e mais óbvia, é a tradição da festa carioca, onde os trabalhos carnavalescos se estendem
pelo ano inteiro, em contraposição à falta de mão-de-obra especializada na capital paulista.
Os desfiles paulistanos também
são vistos como uma oportunidade de volta ao topo para aqueles
que perderam espaço na elite do
Carnaval do Rio. "E também é
melhor financeiramente", diz
Nelson Ferreira, 32, carnavalesco
da Mocidade Alegre e que veio a
São Paulo depois de trabalhar por
quatro anos como assistente de
Joãosinho Trinta na Viradouro.
Para Tito Arantes, 31, São Paulo
deu a oportunidade de galgar degraus na escala carnavalesca, após
oito anos como assistente na Mocidade Independente de Padre
Miguel. "Vim para cá há sete
anos, passei por várias escolas. Foi
a chance de assinar um enredo."
Pelo segundo ano à frente da
Águia de Ouro, Arantes diz que
não sentiu dificuldades para falar
do tema. "Não sou paulistano,
mas moro aqui, já conheço os jeitos e trejeitos da cidade", diz.
Com uma trajetória diferente,
Fábio José Borges, 44, alugou uma
casa em São Paulo para criar a
apresentação da Rosas de Ouro.
Goiano, mas morador do Rio de
Janeiro, Borges usa a experiência
de quem já assumiu os desfiles da
Mangueira e do Salgueiro.
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