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JUVENTUDE ENCARCERADA
Três permanecem na fundação porque têm estabilidade
Alckmin afasta 5 diretores da Febem
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco diretores do Complexo
do Tatuapé (zona leste de São
Paulo) da Febem foram afastados
ontem pelo governo Geraldo
Alckmin (PSDB-SP). Dois diretores de unidade foram demitidos e
dois permaneceram na instituição, mas em outras funções.
O diretor-geral, que também é
funcionário público, voltará a
exercer o cargo de analista técnico. O servidor José Resende Filho
assumirá o posto.
Desde que 1.751 funcionários da
fundação foram demitidos, na última quinta-feira, o Complexo do
Tatuapé, considerados um dos
mais problemáticos do sistema, já
registrou três rebeliões de internos em diversas unidades.
Na madrugada de ontem, 92 jovens colocaram fogo em colchões
e roupas de cama. A tropa de choque da Polícia Militar precisou
cercar o local para evitar fugas. Às
5h a rebelião foi controlada. Não
houve fugas nem feridos.
Em razão de sucessivas rebeliões, fugas e denúncias de torturas contra adolescentes, a Febem
se tornou um dos maiores problemas de Alckmin, cotado no PSDB
para a concorrer à sucessão do
presidente Lula. A reestruturação
busca reformular o sistema, considera viciado pelo governo.
Para o lugar dos 1.751 funcionários demitidos, foram contratados 1.606 agentes de segurança e
773 educadores em caráter emergencial. Um concurso público foi
aberto para o preenchimento definitivo das vagas. Além disso, foram instituídos programas de
participação de familiares dos internos e ONGs ligadas à infância e
juventude no sistema.
De acordo com a assessoria de
imprensa da Secretaria da Justiça
e Cidadania, as demissões dos
cinco diretores deram continuidade às reformulações que vêm
sendo feitas na Febem. A assessoria confirmou que havia a suspeita de que funcionários antigos estivessem incitando os adolescentes a se rebelarem.
Após a demissão, Nilson Gomes
de Sena, que perdeu o cargo de diretor-geral do complexo, fez críticas à forma como a reestruturação da Febem vem sendo conduzida pelo secretário da Justiça e
presidente da fundação, Alexandre de Moraes.
"A proposta do Alexandre é
muito boa, mas a operacionalização foi mal conduzida. Na teoria,
é muito bonito. Na prática, é muito difícil de ser operacionalizado",
afirmou Sena. O ex-diretor também afirmou que os problemas
com rebeliões e fugas devem se
agravar. "Teremos sérios problemas no Complexo do Tatuapé".
Ele contestou a hipótese de que
os funcionários antigos incitassem as rebeliões. "No Tatuapé
praticamente só tem funcionários
novos. Além disso, o diretor responde por tudo o que acontece no
complexo. Como vai incitar uma
rebelião se responde por isso?".
Para a presidente da Associação
de Mães da Febem, Conceição Paganele, no entanto, há resistência
dos funcionários antigos às mudanças feitas. "Distorcem as informações sobre a reestruturação
e os adolescentes acabam sem saber direito o que está havendo."
Paganele considerou positivas as
demissões dos diretores.
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