São Paulo, segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

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EDUCAÇÃO

Com o andar superior interditado, colégio estadual não tem salas para todas as turmas

Escola na zona leste faz rodízio de estudantes

Rubens Cavallari/Folha Imagem
Estudantes têm aulas nos dois pavimentos inferiores enquanto o último permanece apagado; no detalhe, muro destruído


MARIANA MARTINEZ
DO "AGORA"

Imagine um prédio abandonado em meio ao matagal e à escuridão, sem muros, portões ou qualquer tipo de segurança. Vidraças quebradas, banheiros precários, salas interditadas, teto com infiltrações e fiações totalmente comprometidas.
É desta maneira que se encontra a escola estadual Soldado Eder Bernardes dos Santos, no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, onde crianças que cursam o ensino fundamental e jovens e adultos que freqüentam o ensino médio estudam todos os dias.
Não bastasse a estrutura precária do colégio, os alunos têm de comparecer às aulas em dias alternados para compartilhar o uso das poucas salas que ainda podem ser ocupadas.
"Hoje tive aula, mas amanhã não posso vir porque é dia de ceder o espaço para outras séries", diz Andréa, 20, que faz o 2.º ano supletivo do ensino médio.
O esquema de rodízio foi implantado pela diretoria no começo do ano letivo, no dia 13 de fevereiro, pois o andar superior da escola tem o acesso bloqueado por causa de infiltrações decorrentes de chuvas, buracos no telhado e problemas na parte elétrica.
O prédio está instalado em uma rua estreita localizada em frente a uma favela e perto de uma unidade da Febem.
O entorno da construção, dentro do terreno, onde seria área de recreação da escola, está aberto para qualquer um entrar quando quiser. Não há portão, e parte do muro foi derrubada.
Segundo o pai de um aluno, a quadra é sempre invadida por pessoas não autorizadas. "Com crianças o dia inteiro por aqui, acho que precisava proteger mais", queixa-se o pai, que pediu para não ser identificado.

Cachorro na sala de aula
Também chama atenção, mesmo do lado de fora, o telhado quebrado em diversos pontos, assim como as janelas de vidro. O último andar permanece com luzes apagadas, em contraste com os dois inferiores.
Dentro da escola a situação não é melhor. "Aqui entra até cachorro", diz o estudante Edilson Melo, 29, que cursa o 3.º ano supletivo do ensino médio.
Os banheiros são outro motivo de reclamação por parte dos alunos, pelas más condições de higiene e conservação.
Em um dos femininos não existe assentos nos vasos sanitários. Algumas descargas não funcionam bem, as portas estão pichadas, não há papel higiênico e a infiltração afeta até a iluminação do local.
A situação precária da escola é uma unanimidade entre os que a freqüentam. Segundo Melo, a unidade nunca teve boa estrutura, apesar dos professores, que ele considera bons.


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