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Mangueira e Viradouro rivalizam no primeiro dia
Verde-e-rosa fez desfile tradicional no bom sentido; Viradouro pôs bateria em carro
A Vila Isabel, que encerrou a série de seis escolas na madrugada de ontem, veio muito mais pesada e menos empolgada do que em 2006
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Na noite em que não pôde
contar com Jamelão, pela primeira vez em cinco décadas, e
não quis contar com Beth Carvalho, barrada quando subia
numa alegoria, a Mangueira
fez, curiosamente, um desfile
tradicional. E no bom sentido.
Com fantasias leves e samba
eficiente, a escola só rivalizou
com a Viradouro no primeiro
dia dos desfiles na Sapucaí. As
duas são candidatas ao título.
A Vila Isabel, que encerrou a
série de seis escolas na madrugada de ontem, veio muito mais
pesada e menos empolgada do
que em 2006, e não será fácil
ver realizar o bicampeonato.
De pesado na Mangueira, já
bastava o clima nos últimos
meses. Perdeu seu intérprete e
presidente de honra Jamelão,
que se recupera de um derrame. O substituto, Luizito, teve
um princípio de infarto num
ensaio e teve de cantar acompanhado de dois médicos.
E ainda com a polêmica em
torno de Beth Carvalho, o que
deu gás à verde-e-rosa foi a
simplicidade das fantasias
-muitas de palha, algumas belas de renda, como a das baianas- e a clareza de seu enredo
sobre a língua portuguesa, amparado por um samba comunicativo. A escola ficou lenta algumas vezes, mas ouviu gritos de "é campeã" na Apoteose.
Não foi privilégio dela. A Viradouro superou problemas de
última hora para fazer um bom
desfile. O carro do castelo de
cartas, feito de cabeça para baixo (rodas ficavam no topo),
quebrou na concentração, quase pôs tudo a perder, mas foi
consertado a tempo.
"Nunca vi uma capacidade de
recuperação como a da Viradouro. É incrível essa escola.
Espero que a gente tenha empolgado o público e a mídia e o
resultado venha como conseqüência", disse o carnavalesco
Paulo Barros, que chorou muito no fim do desfile.
A alegria de Barros tem um
tom de alívio por estar numa
escola maior e mais rica do que
a Unidos da Tijuca, na qual ele
foi vice-campeão em 2004 e
2005 e se tornou o nome mais
badalado do Carnaval carioca.
Mas nenhuma alegoria apresentada por Barros teve o impacto das de anos anteriores. A
mais aplaudida foi "Quem está
Wally?", em que o personagem
aparecia em meio a 170 pessoas. A inovação de pôr a bateria sobre um carro arrancou
aplausos nos momentos de subida e descida, mas não superou a impressão de ser um efeito pelo efeito -apesar da qualidade de mestre Ciça e da beleza
da madrinha Juliana Paes.
A melhor ala da Viradouro foi
a que reproduzia uma partida
de futebol. O tema dos jogos foi
explorado por Barros ao seu estilo: sem preocupação de contar uma história, mas usando
alguns elementos como base
para fazer jogos visuais.
Nas fantasias, o carnavalesco
mostrou uma grande melhoria
em relação aos anos passados.
Um senão da escola de Niterói
foi ter corrido no final para não
estourar o tempo.
Com cara de Beija-Flor
Cercada de expectativa, a Vila entrou na avenida com cara
de Beija-Flor. E no mau sentido: fantasias muito pesadas
-em especial na primeira metade, com pedaços de roupas ficando pelo chão, o que pode
significar perda de pontos- e
algumas alas se embolando.
"Tivemos cuidados com o
material de algumas roupas,
mas ala das baianas é assim
mesmo: é roupa grande, pesada", disse o carnavalesco Cid
Carvalho, referindo-se à ala em
que as fantasias mais se desmantelaram. Carvalho estreou
na Vila após nove anos na comissão de Carnaval da Beija-Flor. "Quem manda no Carnaval é o povo. Feliz do artista que tem a sensibilidade de perceber
o que o povo gosta", disse.
Apesar do clima morno, a
Mocidade Independente de Padre Miguel, do carnavalesco
Alex de Souza, impressionou
na comissão de frente (Higor
Martins saía de um livro como
se fosse Adão ganhando vida) e
no carro "Nordeste - cenas de
um cotidiano", em que até os
destaques tinham cor de barro.
Os artesãos eram o enredo.
A Estácio de Sá, primeira a
desfilar, homenageou com um
minuto de silêncio o menino
João Hélio Fernandes Vieites,
morto aos seis anos depois de
ser arrastado por sete quilômetros no Rio de Janeiro. Mas a
emoção parou por aí.
O Império Serrano, segunda
escola, teve como destaque a
bateria e seu naipe de agogôs, o
único do Rio. O enredo "Ser diferente é normal" não ficou claro ao longo do desfile, e carros
apresentaram problemas, prejudicando a evolução. Mas a
tradicional agremiação tem
boas chances de permanecer
no Grupo Especial.
Colaboraram PEDRO SOARES e TALITA FIGUEIREDO
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