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SOBREVIVÊNCIA
Menina anencéfala completa 91 dias, recorde no país
LUÍS FERNANDO MANZOLI
DA FOLHA RIBEIRÃO
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA
RIBEIRÃO
Quando era um feto de
quatro meses no útero da
agricultora Cacilda Galante
Ferreira, 36, Marcela de Jesus foi considerada "inviável" por ter anencefalia, uma
má-formação que inibe o
surgimento do cérebro no
desenvolvimento do bebê.
Ontem, a menina completou 91 dias de vida e se tornou a criança com anencefalia com maior longevidade
no Brasil, segundo a Febrasgo (Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e
Obstetrícia), que diz ter existido, há cinco anos, no interior de Goiás, um menino
que viveu três meses.
Segundo a entidade, metade dos bebês com anencefalia morre no útero da mãe -o
restante vive poucas horas
ou minutos após o parto.
"A sobrevivência prolongada surpreende, mas o
prognóstico ainda é o mesmo
de quando ela nasceu", disse
a pediatra Marcia Beani, que
cuida de Marcela desde o
parto, em 20 de novembro,
em Patrocínio Paulista (SP).
Desde então, Marcela já
teve problemas graves, como
uma parada cardíaca, convulsões e febres, mas não
apresenta intercorrências
clínicas há 59 dias. Atualmente, a menina é alimentada com leite por sonda e respira com ajuda de um capacete de oxigênio. Como tem
uma pequena parte, frontal,
do cérebro, reage a estímulos, mas é incapaz de ter outras atividades cerebrais.
O presidente da Comissão
de Aborto Previsto em Lei da
Frebasgo, Jorge Andalaft
Neto, afirmou que o tempo
de vida da bebê "já é um recorde nacional". Porém, o
otimismo deve vir com cautela. "Na medida em que a
criança cresce, o cerebelo e o
tronco cerebral não serão suficientes para segurar o desenvolvimento", disse.
Colaborou JORGE SOUFEN JR, da Folha Ribeirão
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