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Presos são acusados de tramar seqüestro de diretores prisionais
Polícia paulista diz ter frustrado um plano do PCC que previa o seqüestro de diretores do sistema prisional da região oeste de SP
Objetivo era exigir facilitação da fuga de integrantes da facção criminosa que estão presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
A polícia de São Paulo diz ter
descoberto e frustrado um plano que previa o seqüestro de diretores do sistema prisional da
região oeste do Estado e seus
familiares para exigir, em troca
da libertação, a facilitação da
fuga de integrantes do PCC
(Primeiro Comando da Capital) que cumprem pena na Penitenciária 2 de Presidente
Venceslau (620 km de SP).
A penitenciária de Venceslau
abriga cerca de 720 detentos
que, segundo a Secretaria da
Administração Penitenciária,
são do comando da facção criminosa que organizou ataques
a forças de segurança do Estado
em 2006. Em maio daquele
ano, por terem sido transferidos de várias prisões para Venceslau 2, detentos do PCC ordenaram atentados.
Um dos alvos do plano frustrado de seqüestros, segundo a
polícia, era o coordenador dos
presídios no oeste paulista, José Reinaldo da Silva, responsável pela administração de 35
unidades (com cerca de 32 mil
detentos) prisionais da região
-a maior parte destinada a
abrigar membros ou simpatizantes do PCC.
O plano teria sido descoberto
após a Polícia Civil de Presidente Epitácio (655 km de São
Paulo) prender, em 31 de janeiro, seis suspeitos de pagar contas com cheques falsificados.
Após busca em uma casa alugada pelo grupo, investigadores
teriam encontrado armas (três
fuzis, revólveres, pistolas e munição), algemas, coletes, capuzes, celulares, R$ 2.000, câmeras e três cartas com ordens para os seqüestros.
A orientação nas cartas -obtidas pela Folha- é invadir
quatro casas em Presidente
Venceslau, seqüestrar parentes
ou diretores do sistema prisional da região, gravar pedidos de
socorro das vítimas e entregar
essas gravações aos servidores
como forma de pressão pela fuga de dois detentos do PCC.
Segundo o delegado de Presidente Epitácio, Donato de Oliveira, os beneficiários do plano
de fuga seriam Márcio Henrique Evaristo, o "Nenezão" ou
"Nenê Coqueirão", e Marcos
Antônio da Silva, o "Corintiano". Os dois seriam também os
mentores do plano e autores
das cartas.
"Eles são comparsas, compõem a cúpula do PCC e dividem a mesma cela da P2 [de
Presidente Venceslau]", afirmou o delegado.
Em janeiro de 2006, comparsas dos dois detentos foram
presos com mísseis perto da
prisão onde ambos estavam.
Uma das cartas traz indicações de horários para os crimes. "Vocês têm que pega a casa dele [diretor] antes de ele
chegar da penitenciária. Aí
quando ele chegar vocês já estarão dentro da casa e aborda"
ele. [...] É melhor pegar antes o
horário que ele vai é entre às
17h e 18h [sic]."
Em outro ponto, há ordens
para filmar os pedidos de socorro das vítimas.
"Quando tiverem já as quatro casas nas mãos faz ele dar
um depoimento filmado e gravado explicando as famílias para cooperarem que só se trata
de um resgate para que não façam nenhuma besteira na hora
de telefonarem pois tanto ele
como quem tiver telefonando
correrão risco de vida [sic]."
Autores e denúncia
Ontem, o Ministério Público
denunciou sob a acusação de
tentativa de extorsão mediante
seqüestro, porte de arma de uso
restrito e formação de quadrilha as seis pessoas detidas em
janeiro e os dois detentos.
"Nenê Coqueirão" e "Corintiano" serão transferidos para o
CRP (Centro de Readaptação
Penitenciária) de Presidente
Bernardes (589 km de SP), onde vigora o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
Na última sexta-feira, as polícias Civil e Militar foram colocadas em alerta após seus serviços de inteligência detectarem
informações de possíveis ataques do PCC contra as forças de
segurança do Estado.
Motivo da ameaça: o descontentamento dos presos com o
regime no qual são mantidos
em Presidente Venceslau 2. Lá,
eles são vigiados 24 horas por
homens armados com escopetas e por cães. Além disso, não
recebem visitas fora das celas.
Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local
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