São Paulo, Sábado, 20 de Fevereiro de 1999
Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA
Homicídio cai e roubo cresce menos no centro de SP, onde PM diz atuar mais; processo começou em governos anteriores
Violência cai no centro e sobe na periferia

RODRIGO VERGARA
SÍLVIA CORRÊA

da Reportagem Local
A violência passou por processo de

concentração na periferia da cidade de São Paulo nos quatro anos da gestão do governador Mário Covas.
Entre 95 e 98, tanto os crimes contra a vida (homicídios, latrocínios) quanto os delitos contra o patrimônio (roubos, furtos) cresceram mais nos bairros mais pobres dos extremos norte, sul e leste que na área central -na qual a Polícia Militar diz estar agindo e onde houve, claramente, um acréscimo da segurança privada.
Essa tendência, no entanto, não é exclusividade do governo Covas.
Segundo o médico Marcos Drumond, do Pro-Aim (Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo), que forneceu os dados de homicídio, percebe-se um acirramento da violência nos bairros periféricos desde 91, quando o levantamento começou a ser feito.
Na contabilização, o Pro-Aim considera o local onde a vítima morava, não onde foi morta. O programa não calculou se a tendência se acentuou desde 95.
Naquele ano, primeiro da administração Covas, apenas um bairro (Perdizes) teve menos de 10 homicídios por grupo de 100 mil moradores, segundo o Pro-Aim.
Em 98, outros cinco bairros se juntaram a Perdizes nessa faixa. Todos eles dentro do chamado "centro expandido": Jardim Paulista, Consolação, Moema, Pinheiros e Vila Mariana.
No outro extremo, o dos bairros mais violentos, em 95 houve mais de 70 homicídios por 100 mil habitantes em nove bairros. Dois deles centrais, incluindo a Sé, que liderava as estatísticas.
Em 98, não só a Sé caiu para sétimo lugar, como três novos bairros, todos de periferia, engrossaram esse grupo. Os "novatos" são Brasilândia (zona noroeste), Cidade Dutra (zona sul) e Iguatemi (zona leste). Lajeado (zona leste), onde os crimes caíram, deixou a lista.

Disseminação
Para Marcos Drumond, a novidade é essa disseminação por vários bairros dos altos índices de homicídio nos números de 98, quando a cidade bateu o recorde histórico de assassinatos.
Foram 5.255 assassinatos, 5,3% mais que os 4.990 assassinatos registrados na cidade em 95, ano recordista até então.
"Em 98, apesar do recorde e de haver muitos bairros com altos índices de assassinatos, nenhuma região teve taxa enorme, fora dos padrões, como em outros anos."
Em 95, a Sé liderou com 98 homicídios por 100 mil habitantes. Em 97, foi a vez da Brasilândia, que registrou 101,21 homicídios por 100 mil habitantes. No ano passado,o líder foi Guaianazes, com 87,99 assassinatos por 100 mil habitantes.
A Brasilândia ficou em segundo lugar, com 84,80 e o Jardim Ângela, que já foi símbolo do perigo que é viver em São Paulo, foi o terceiro, com índice 84,64.


Próximo Texto: "Priorizamos a periferia"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.