São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Espanha reconhece ter "errado" no tratamento oferecido a brasileiros

País admite que não sabia de erros até eles chamarem atenção da imprensa

DA REDAÇÃO

O Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha reconheceu ontem ter havido "erros" no tratamento dado a passageiros brasileiros, o que iniciou uma crise entre os dois países. Um porta-voz da pasta admitiu à agência Reuters que o ministério não tinha ciência "dos erros até que eles começaram a chamar a atenção da imprensa e da opinião pública".
"O caso está em vias de ser solucionado", afirmou, ao confirmar uma reunião de subsecretários dos dois lados no final do mês. "O primeiro passo está dado, que é a conversa", completou, sem dar detalhes das medidas que podem ser adotadas.
Em janeiro e fevereiro, as autoridades do país barraram 880 brasileiros que tentavam entrar na Espanha, segundo dados do Ministério do Interior. Em 2007, houve em média oitos pessoas inadmitidas por dia; em fevereiro deste ano, foram 15 por dia.
"Sabemos que existe imigração ilegal e não a defendemos, mas nos incomodou o fato de que foram recusadas muitas pessoas com toda a documentação necessária", disse o porta-voz. "Sendo assim, agora estamos trabalhando para a reunião [que ocorrerá em Madri]. Esperamos que tudo termine bem."
Ele negou que a conduta espanhola poderia ser resultado de pressões da União Européia. "Não há pressão."
A chancelaria espanhola não mostrou sinais de preocupação, pois considera que há vontade política em ambas as partes e isso se evidenciou em uma conversa entre o ministro espanhol Miguel Angel Moratinos e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Em uma ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, também foi mostrado interesse de resolver a situação.
Ontem, Lula disse que a crise é grave, mas está sendo resolvida diretamente com o governo espanhol. Ele recebeu o presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, mas disse que prefere tratar o tema com Zapatero.
"A questão da imigração nós já estamos tratando com a Espanha. O presidente Durão Barroso nos ajudou muito quando tivemos problemas [na imigração] em Portugal. Agora temos que tratar diretamente com a Espanha, porque é outro problema e está mais grave", afirmou.
"O Celso Amorim já está tratando disso. E como somos amigos, tenho certeza que os espanhóis têm pelo Brasil a mesma admiração que a gente tem pela Espanha. Somos amigos pessoais do Zapatero. Acho que essas coisas vão ser resolvidas logo."
Procurado, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que não comentaria as declarações do porta-voz espanhol.


Com Reuters, Folha Online e Sucursal de Brasília


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