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Clínica suspeita de fazer abortos é fechada
Médico, preso por porte ilegal de armas, é conhecido por ter assinado falso atestado de óbito na ditadura
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de São Paulo
prendeu anteontem o médico
Isaac Abramovitc, 71, suspeito
de comandar uma clínica clandestina de aborto em Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Ele foi preso, porém, por porte
ilegal de arma. O médico é conhecido como um dos legistas
que, durante a ditadura, assinaram falsos atestados de óbitos
para encobrir assassinatos feitos pela polícia.
A investigação que culminou
com a prisão do ex-legista foi liderada pelo Gaeco (Grupo de
Atuação Especial de Repressão
ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual, que
durou quase quatro meses.
Mesmo com tantos dias de
preparação, os policiais acionados para prender o médico não
conseguiram flagrá-lo. Uma
justificativa para o insucesso
foi o circuito de TV da clínica,
pelo qual o médico poderia antecipar a ação da polícia. A polícia encontrou seis mulheres
que supostamente seriam
atendidas pelo médico, mas
que ainda aguardavam na sala
de espera.
A clínica foi fechada pela Vigilância Sanitária Municipal
por não ter alvará de funcionamento e por falta de higiene.
Sem conseguir flagrar o aborto, os policiais prenderam o
médico pelo porte ilegal de três
armas, encontradas em seu
consultório, e mais duas espingardas num sítio.
A polícia disse que Abramovitc já foi investigado formalmente pela prática de aborto
por pelo menos dez vezes desde
1974. Mas o médico nunca foi
condenado.
Segundo Novaes, até ontem
os indícios do novo caso eram
frágeis para condená-lo pelo
aborto. A reportagem não localizou o advogado de defesa.
O promotor Arthur Pinto Lemos Júnior disse que parte da
classe média do país se utiliza
das clínicas de aborto clandestinas e isso seria um dos fatores
que facilitariam um médico
praticar tais crimes por 34 anos
sem ser impedido totalmente.
Esse é o tempo que o promotor
estima ser a carreira de Isaac
Abramovitc em abortos. "Assim como o tráfico de drogas
em que a classe média se vale
dele, o aborto também é tolerado porque essa mesma classe se
vale dele."
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