São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Clínica suspeita de fazer abortos é fechada

Médico, preso por porte ilegal de armas, é conhecido por ter assinado falso atestado de óbito na ditadura

DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de São Paulo prendeu anteontem o médico Isaac Abramovitc, 71, suspeito de comandar uma clínica clandestina de aborto em Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Ele foi preso, porém, por porte ilegal de arma. O médico é conhecido como um dos legistas que, durante a ditadura, assinaram falsos atestados de óbitos para encobrir assassinatos feitos pela polícia.
A investigação que culminou com a prisão do ex-legista foi liderada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público Estadual, que durou quase quatro meses.
Mesmo com tantos dias de preparação, os policiais acionados para prender o médico não conseguiram flagrá-lo. Uma justificativa para o insucesso foi o circuito de TV da clínica, pelo qual o médico poderia antecipar a ação da polícia. A polícia encontrou seis mulheres que supostamente seriam atendidas pelo médico, mas que ainda aguardavam na sala de espera.
A clínica foi fechada pela Vigilância Sanitária Municipal por não ter alvará de funcionamento e por falta de higiene.
Sem conseguir flagrar o aborto, os policiais prenderam o médico pelo porte ilegal de três armas, encontradas em seu consultório, e mais duas espingardas num sítio.
A polícia disse que Abramovitc já foi investigado formalmente pela prática de aborto por pelo menos dez vezes desde 1974. Mas o médico nunca foi condenado.
Segundo Novaes, até ontem os indícios do novo caso eram frágeis para condená-lo pelo aborto. A reportagem não localizou o advogado de defesa.
O promotor Arthur Pinto Lemos Júnior disse que parte da classe média do país se utiliza das clínicas de aborto clandestinas e isso seria um dos fatores que facilitariam um médico praticar tais crimes por 34 anos sem ser impedido totalmente. Esse é o tempo que o promotor estima ser a carreira de Isaac Abramovitc em abortos. "Assim como o tráfico de drogas em que a classe média se vale dele, o aborto também é tolerado porque essa mesma classe se vale dele."


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