São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2008

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Heitor Pereira e a história da Petrobras

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Começou a gostar de petróleo lendo Monteiro Lobato." Mas foi ao entrar na Petrobras, no auge da campanha "O Petróleo é Nosso", dos tempos nacionalistas de Getúlio Vargas, que Heitor Manoel Pereira se achou.
Nasceu em uma vila operária de Recife, filho de um despachante de tecidos envolvido com o movimento sindical. Ele foi pelo mesmo caminho. Aos 21 anos, trancou a faculdade de engenharia para assumir o cargo de vereador -fora eleito pelo PCdoB.
Quando entrou na Petrobrás, em 1957, já havia lutado pelo estabelecimento do monopólio estatal, presente no decreto de Vargas que criou a empresa em 1953. Quando soube do ato, diz a filha, "escreveu em um cartaz: "essa será a melhor empresa que o Brasil já teve'".
E levou a família a percorrer o Nordeste "em busca de petróleo", como engenheiro de exploração, até que, em 1963, foi indicado como chefe geral de compras, no Rio. Mas aí veio a ditadura e ele "foi escorraçado da empresa, porque tinha um passado". Um dia chegou na sede da empresa e não lhe deixaram entrar. Queria morrer.
Para não enlouquecer, fez três graduações -administração, contabilidade e economia; para sobreviver, vendeu enciclopédias e seguros. Só após a anistia é que pode voltar à Petrobrás, em 1985. Aposentado, foi para a Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet).
"Nacionalista? Era ter uma campanha para proibir inglês nas vitrines e lá estava ele", diz a filha -tinha dois filhos e quatro netos. Morreu no dia 10, aos 82, do coração.


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