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Heitor Pereira e a história da Petrobras
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Começou a gostar de petróleo lendo Monteiro Lobato." Mas foi ao entrar na Petrobras, no auge da campanha "O Petróleo é Nosso",
dos tempos nacionalistas de
Getúlio Vargas, que Heitor
Manoel Pereira se achou.
Nasceu em uma vila operária de Recife, filho de um despachante de tecidos envolvido com o movimento sindical. Ele foi pelo mesmo caminho. Aos 21 anos, trancou a
faculdade de engenharia para assumir o cargo de vereador -fora eleito pelo PCdoB.
Quando entrou na Petrobrás, em 1957, já havia lutado
pelo estabelecimento do monopólio estatal, presente no
decreto de Vargas que criou a
empresa em 1953. Quando
soube do ato, diz a filha, "escreveu em um cartaz: "essa
será a melhor empresa que o
Brasil já teve'".
E levou a família a percorrer o Nordeste "em busca de
petróleo", como engenheiro
de exploração, até que, em
1963, foi indicado como chefe geral de compras, no Rio.
Mas aí veio a ditadura e ele
"foi escorraçado da empresa,
porque tinha um passado".
Um dia chegou na sede da
empresa e não lhe deixaram
entrar. Queria morrer.
Para não enlouquecer, fez
três graduações -administração, contabilidade e economia; para sobreviver, vendeu enciclopédias e seguros.
Só após a anistia é que pode
voltar à Petrobrás, em 1985.
Aposentado, foi para a Associação dos Engenheiros da
Petrobras (Aepet).
"Nacionalista? Era ter
uma campanha para proibir
inglês nas vitrines e lá estava
ele", diz a filha -tinha dois
filhos e quatro netos. Morreu
no dia 10, aos 82, do coração.
obituario@folhasp.com.br
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