São Paulo, sexta-feira, 20 de março de 2009

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Secretário fala em crise e nega ser linha-dura

Antonio Ferreira Pinto, que assumiu a Segurança Pública de SP, diz estar "se inteirando dos fatos" para definir mudanças

Ele não detalhou o que vê como crise na secretaria e se definiu como uma pessoa que exige o cumprimento da lei "integralmente"

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua primeira entrevista como secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto disse não ser um "linha-dura". Ele se definiu como uma pessoa que cumpre a lei e exige o cumprimento dela "integralmente".
Ferreira Pinto disse que está tomando pé da profundidade da crise que atingiu a pasta nos últimos meses e que provocou a queda de seu antecessor, o advogado Ronaldo Marzagão -desgastado pela greve de 58 dias de policiais civis no segundo semestre de 2008 e pelas denúncias de corrupção envolvendo seu ex-adjunto Lauro Malheiros Neto, que nega.
O novo secretário não detalhou o que vê como crise na pasta nem os cargos que deverá mudar. Garante, porém, que fará mudanças -entre elas abrir um diálogo com as entidades de classe e tirar dos cargos de chefia e comando na polícia quem for alvo de denúncias.

 

PERGUNTA - O senhor é tido como linha-dura. Como o senhor se define e como espera ser como secretário?
ANTONIO FERREIRA PINTO
- Essa questão de linha-dura é um subjetivismo. Eu faço questão de cumprir com as minhas obrigações corretamente, pela minha própria formação, como promotor de Justiça, procurador de Justiça. Eu ajo e penso como procurador de Justiça: cumprindo e observando a lei integralmente. Algumas pessoas tacham isso de linha-dura, mas acho que sou apenas bastante formal, exijo que todos cumpram com as obrigações, principalmente na atividade profissional que afeta a segurança do cidadão. Exijo o cumprimento integral da lei.

PERGUNTA - Quais são os desafios e o que o governador pediu?
FERREIRA PINTO
- Especialmente o governador não me pediu nada. Eu assumi a secretaria e estou tomando conhecimento dos projetos, das metas da secretaria. Estou conhecendo a máquina administrativa. Estou me determinando de acordo com os desafios da secretaria, que são inúmeros. Estou tomando conhecimento de todos. A crise que se instalou aqui recentemente, nós estamos nos inteirando de todos os fatos. As providências que devem ser adotadas, só posso adiantar depois de conhecer todos os fatos.

PERGUNTA - Está animado?
FERREIRA PINTO
- Animado. É um desafio muito grande, mas eu já vinha de um desafio lá na Secretaria da Administração Penitenciária. Creio que desenvolvi um trabalho razoável, e venho com o mesmo ânimo aqui de realmente cumprir a missão que me foi dada.

PERGUNTA - O que mais o motivou a aceitar esse desafio?
FERREIRA PINTO
- Eu tenho um conhecimento razoável de segurança pública, pelas minhas origens -fui oficial da Polícia Militar, sou promotor criminal há 30 anos, sempre atuei na área criminal, desenvolvi um trabalho semelhante na Administração Penitenciária-, e entendi que reunia condições de aceitar o convite que me foi formulado pelo governador.

PERGUNTA - As entidades representativas dos policiais civis fizeram elogios ao senhor e dizem esperar diálogo. Vai haver esse diálogo?
FERREIRA PINTO
- Amplo, total. Espero me relacionar muito bem com eles, conhecer os pleitos dos sindicatos, conhecer os projetos. O diálogo vai ser total, amplo. Vou convidá-los para conversar. A iniciativa será, inclusive, minha. Eu sei que é um anseio deles conversar com o novo secretário e estarei à disposição sempre. De todas as carreiras policiais, sem distinção ou privilégio.

PERGUNTA - O senhor é elogiado pelos sindicatos. Por quê?
FERREIRA PINTO
- Você vê que eu já conto com um ponto positivo. Porque é difícil algum sindicato elogiar. Mas isso é porque minhas relações com eles são muito transparentes, sempre muito sinceras. E é isso o que eles esperam de alguém que ocupa um cargo público. Transparência e sinceridade. Para os interesses da classes, podem contar comigo como um ardoroso defensor.

PERGUNTA - O senhor já definiu o novo delegado-geral ou comandante-geral da Polícia Militar?
FERREIRA PINTO
- Ainda não pensei. Nesse item ainda não pensei. Vou pensar nos próximos dias. Não tem tanta urgência para definição de nomes.

PERGUNTA - Mas trocas ocorrerão.
FERREIRA PINTO
- É imperioso em toda mudança de administração. As trocas são imperiosas e eu vou fazê-las.

PERGUNTA - Há muitos policiais envolvidos em denúncias. Como será o tratamento para eles?
FERREIRA PINTO
- Eu via pelos jornais. Hoje eu tenho que ler e saber os detalhes de tudo isso. Quem estiver envolvido em algum problema grave aqui, não vai ter posto de chefia, não vai ter posto de comando.


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