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Secretário fala em crise e nega ser linha-dura
Antonio Ferreira Pinto, que assumiu a Segurança Pública de SP, diz estar "se inteirando dos fatos" para definir mudanças
Ele não detalhou o que vê como crise na secretaria e se definiu como uma pessoa que exige o cumprimento da lei "integralmente"
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Em sua primeira entrevista
como secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Antonio
Ferreira Pinto disse não ser um
"linha-dura". Ele se definiu como uma pessoa que cumpre a
lei e exige o cumprimento dela
"integralmente".
Ferreira Pinto disse que está
tomando pé da profundidade
da crise que atingiu a pasta nos
últimos meses e que provocou a
queda de seu antecessor, o advogado Ronaldo Marzagão
-desgastado pela greve de 58
dias de policiais civis no segundo semestre de 2008 e pelas denúncias de corrupção envolvendo seu ex-adjunto Lauro
Malheiros Neto, que nega.
O novo secretário não detalhou o que vê como crise na
pasta nem os cargos que deverá
mudar. Garante, porém, que fará mudanças -entre elas abrir
um diálogo com as entidades de
classe e tirar dos cargos de chefia e comando na polícia quem
for alvo de denúncias.
PERGUNTA - O senhor é tido como
linha-dura. Como o senhor se define
e como espera ser como secretário?
ANTONIO FERREIRA PINTO - Essa
questão de linha-dura é um
subjetivismo. Eu faço questão
de cumprir com as minhas
obrigações corretamente, pela
minha própria formação, como
promotor de Justiça, procurador de Justiça. Eu ajo e penso
como procurador de Justiça:
cumprindo e observando a lei
integralmente. Algumas pessoas tacham isso de linha-dura,
mas acho que sou apenas bastante formal, exijo que todos
cumpram com as obrigações,
principalmente na atividade
profissional que afeta a segurança do cidadão. Exijo o cumprimento integral da lei.
PERGUNTA - Quais são os desafios e
o que o governador pediu?
FERREIRA PINTO - Especialmente
o governador não me pediu nada. Eu assumi a secretaria e estou tomando conhecimento
dos projetos, das metas da secretaria. Estou conhecendo a
máquina administrativa. Estou
me determinando de acordo
com os desafios da secretaria,
que são inúmeros. Estou tomando conhecimento de todos.
A crise que se instalou aqui recentemente, nós estamos nos
inteirando de todos os fatos. As
providências que devem ser
adotadas, só posso adiantar depois de conhecer todos os fatos.
PERGUNTA - Está animado?
FERREIRA PINTO - Animado. É um
desafio muito grande, mas eu já
vinha de um desafio lá na Secretaria da Administração Penitenciária. Creio que desenvolvi um trabalho razoável, e
venho com o mesmo ânimo
aqui de realmente cumprir a
missão que me foi dada.
PERGUNTA - O que mais o motivou
a aceitar esse desafio?
FERREIRA PINTO - Eu tenho um
conhecimento razoável de segurança pública, pelas minhas
origens -fui oficial da Polícia
Militar, sou promotor criminal
há 30 anos, sempre atuei na
área criminal, desenvolvi um
trabalho semelhante na Administração Penitenciária-, e entendi que reunia condições de
aceitar o convite que me foi formulado pelo governador.
PERGUNTA - As entidades representativas dos policiais civis fizeram
elogios ao senhor e dizem esperar
diálogo. Vai haver esse diálogo?
FERREIRA PINTO - Amplo, total.
Espero me relacionar muito
bem com eles, conhecer os pleitos dos sindicatos, conhecer os
projetos. O diálogo vai ser total,
amplo. Vou convidá-los para
conversar. A iniciativa será, inclusive, minha. Eu sei que é um
anseio deles conversar com o
novo secretário e estarei à disposição sempre. De todas as
carreiras policiais, sem distinção ou privilégio.
PERGUNTA - O senhor é elogiado
pelos sindicatos. Por quê?
FERREIRA PINTO - Você vê que eu
já conto com um ponto positivo. Porque é difícil algum sindicato elogiar. Mas isso é porque
minhas relações com eles são
muito transparentes, sempre
muito sinceras. E é isso o que
eles esperam de alguém que
ocupa um cargo público. Transparência e sinceridade. Para os
interesses da classes, podem
contar comigo como um ardoroso defensor.
PERGUNTA - O senhor já definiu o
novo delegado-geral ou comandante-geral da Polícia Militar?
FERREIRA PINTO - Ainda não pensei. Nesse item ainda não pensei. Vou pensar nos próximos
dias. Não tem tanta urgência
para definição de nomes.
PERGUNTA - Mas trocas ocorrerão.
FERREIRA PINTO - É imperioso em
toda mudança de administração. As trocas são imperiosas e
eu vou fazê-las.
PERGUNTA - Há muitos policiais envolvidos em denúncias. Como será o
tratamento para eles?
FERREIRA PINTO - Eu via pelos
jornais. Hoje eu tenho que ler e
saber os detalhes de tudo isso.
Quem estiver envolvido em algum problema grave aqui, não
vai ter posto de chefia, não vai
ter posto de comando.
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