São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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Prisões disseminam doença

da Reportagem Local

Prisões do mundo todo estão funcionando como caldo de cultura ideal para a expansão da Aids. A conclusão é de Alex Wodak, médico do St. Vicent Hospital, de Darlinghurst, na Austrália, e especialista em drogas e Aids nas prisões.
Segundo seus estudos, cerca de 50% dos 16 mil presos do país estão na cadeia por crimes ligados ao uso da droga. Desses, 80% são usuários e 20% traficantes. Um quarto dos detentos usam drogas injetáveis dentro dos presídios. Em média, fazem duas aplicações por mês, contra as 40 feitas por dependentes em liberdade.
Os presos, no entanto, dividem uma mesma seringa em grupos de 15 a 16 pessoas.
"A rotatividade nas prisões é altíssima, porque as penas são curtas", diz Wodak. "Um preso que hoje divide a mesma seringa com 16 companheiros , daqui a meses estará em outra cadeia, em outra cidade, repartindo a droga com outros."
Este mesmo preso estará em breve em liberdade, convivendo com a mulher e dividindo a seringa com outros, diz ele.
"A única forma de estancar esse crescimento é não colocar nas prisões usuários de drogas e pequenos infratores", afirma.
Outra solução é oferecer seringas para os presos, o que já se faz em duas prisões da Suíça e em duas da Alemanha. (AB)


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