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El Niño deve influenciar clima no país até julho; temperaturas caem lentamente no Sudeste
"Verão infernal" acaba às 16h55
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
O outono começa hoje, oficialmente, às 16h55. As altas temperaturas do verão mais "infernal"
dos últimos anos, no entanto,
devem cair lentamente, já que os
efeitos do El Niño podem continuar, mesmo que com menos
intensidade, até julho.
O El Niño (fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico
que altera o clima no planeta),
trouxe prejuízo para fabricantes
de roupas no inverno passado.
Causou seca no Nordeste e excesso de chuvas no Sul.
Mas ajudou as sorveterias. Em
São Paulo, elas tiveram crescimento de até 50% nas vendas
durante o verão-como é o caso
da Liolá, no Itaim Bibi (zona sudoeste). A Stuppendo, em Moema (zona sudoeste), que vendeu
quase 12 toneladas de sorvete no
verão passado, comemorou o
aumento para 18 toneladas. "É o
efeito El Niño", diz o dono,
Eduardo Sanches Guedes, 23,
que torce para que o fenômeno
continue na nova estação.
Os paulistanos sofreram com o
calor. A média das temperaturas
máximas do mês de dezembro
ultrapassou o recorde histórico
das médias (29C, em 94), chegando aos 29.9C.
Em janeiro -quando os termômetros atingiram a máxima de
98, com 34.3C, no dia 6- o recorde da média das máximas
(30.9, em 1956) quase foi atingido, com 30.8.
Segundo Prakki Satyamurti,
chefe das operações do Centro
de Previsão de Tempo e Estudos
Climáticos do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Especiais), o clima no país deve atingir totalmente a normalidade em
julho. "O El Niño continua
atuando em março e influenciando o clima pelo menos nos
próximos dois meses."
Isso significa, diz Satyamurti,
que o norte da região Nordeste
(Ceará, Piauí, interior da Paraíba
e noroeste da Bahia) -onde a
estação chuvosa vai de março a
maio- poderá sofrer com a seca, com diminuição de até 25%
das chuvas em comparação com
o mesmo período de 97.
Em Roraima e partes norte e leste do Amazonas, a perspectiva
de chuvas também não é grande
para os próximos dois meses -o
que pode agravar ainda mais as
queimadas na região.
Por outro lado, na região Sul do
país, o excesso de chuvas -que
atinge a região há oito meses-
também deve continuar.
De acordo com Satyamurti, os
efeitos do El Niño no Sudeste
não causarão grandes impactos.
Mas as temperaturas devem diminuir lentamente, com quedas
maiores a partir de maio.
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