São Paulo, sexta, 20 de março de 1998

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El Niño deve influenciar clima no país até julho; temperaturas caem lentamente no Sudeste
"Verão infernal" acaba às 16h55

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

O outono começa hoje, oficialmente, às 16h55. As altas temperaturas do verão mais "infernal" dos últimos anos, no entanto, devem cair lentamente, já que os efeitos do El Niño podem continuar, mesmo que com menos intensidade, até julho.
O El Niño (fenômeno de aquecimento das águas do Pacífico que altera o clima no planeta), trouxe prejuízo para fabricantes de roupas no inverno passado. Causou seca no Nordeste e excesso de chuvas no Sul.
Mas ajudou as sorveterias. Em São Paulo, elas tiveram crescimento de até 50% nas vendas durante o verão-como é o caso da Liolá, no Itaim Bibi (zona sudoeste). A Stuppendo, em Moema (zona sudoeste), que vendeu quase 12 toneladas de sorvete no verão passado, comemorou o aumento para 18 toneladas. "É o efeito El Niño", diz o dono, Eduardo Sanches Guedes, 23, que torce para que o fenômeno continue na nova estação.
Os paulistanos sofreram com o calor. A média das temperaturas máximas do mês de dezembro ultrapassou o recorde histórico das médias (29C, em 94), chegando aos 29.9C.
Em janeiro -quando os termômetros atingiram a máxima de 98, com 34.3C, no dia 6- o recorde da média das máximas (30.9, em 1956) quase foi atingido, com 30.8.
Segundo Prakki Satyamurti, chefe das operações do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), o clima no país deve atingir totalmente a normalidade em julho. "O El Niño continua atuando em março e influenciando o clima pelo menos nos próximos dois meses."
Isso significa, diz Satyamurti, que o norte da região Nordeste (Ceará, Piauí, interior da Paraíba e noroeste da Bahia) -onde a estação chuvosa vai de março a maio- poderá sofrer com a seca, com diminuição de até 25% das chuvas em comparação com o mesmo período de 97.
Em Roraima e partes norte e leste do Amazonas, a perspectiva de chuvas também não é grande para os próximos dois meses -o que pode agravar ainda mais as queimadas na região.
Por outro lado, na região Sul do país, o excesso de chuvas -que atinge a região há oito meses- também deve continuar.
De acordo com Satyamurti, os efeitos do El Niño no Sudeste não causarão grandes impactos. Mas as temperaturas devem diminuir lentamente, com quedas maiores a partir de maio.



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