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Empresa tinha pressa, diz engenheiro
OSWALDO BUARIM JR
da Sucursal de Brasília
O engenheiro que fez o cálculo
estrutural do edifício Palace 2, no
Rio, José Roberto Chendes, disse
ontem ter certeza de que o prédio
desabou por deficiência do material usado pela Sersan em sua
construção. O prédio desabou
parcialmente no domingo de Carnaval e foi implodido depois.
Chendes admitiu ter liberado a
planta de locação e carga dos pilares -fundamental para início das
fundações do edifício- sem cálculos precisos do peso que as colunas teriam que suportar. Por estimativa, Chendes definiu que os pilares externos 4 e 44, que cederam,
deveriam suportar até 480 toneladas. Depois, ao fazer a planta de
armação dos pilares, levou em
conta o peso real que teriam de suportar, de 260 toneladas.
"Isso aconteceu porque a empresa tinha muita pressa de iniciar
a obra", disse. "Liberei a planta de
locação com o peso dos pilares
majorado para dimensionar a fundação do prédio", disse. Segundo
Chendes, algumas empresas pressionam para que a planta de locação e carga dos pilares seja feita
antes da planta de armação.
O engenheiro, formado na UnB
(Universidade de Brasília) há 25
anos, afirmou que as duas plantas
não podem ser comparadas para
criticar o serviço que fez. "Superdimensionei no início apenas para
embasar a fundação, e isso não
pode ser comparado com cálculo
baseado no peso real usado na
planta de armação", defendeu-se.
Chendes afirmou que "de maneira alguma uma obra com diferença de 200 toneladas nos pilares
ficaria de pé por dez anos". Segundo ele, ruiria na construção.
O engenheiro não tem nenhuma
cópia das plantas de cálculo estrutural que fez para a construção do
Palace 2 pela Sersan. As plantas
também não foram registradas no
Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia)
do Rio, embora esse seja um procedimento obrigatório.
Chendes afirmou ter pedido para a Sersan que registrasse as plantas no Crea, mas nada foi feito e ele
se esqueceu. "Essa é uma obra que
passou em minha vida. Não acompanhei", disse. Chendes disse, entretanto, que não existe exigência
ao calculista de acompanhar a
obra, trabalho realizado pelo engenheiro responsável.
Ele disse que o cálculo de peso
sobre o pilar 17, o primeiro a ruir,
não foi questionado pela perícia
particular contratada pelo deputado Sérgio Naya, dono da Sersan.
O pilar 17, mais central e capaz
de suportar mais de 600 toneladas
de peso, disse Chendes, foi calculado para suportar até 1.000 toneladas. "Provavelmente, o primeiro estalo ouvido pelos moradores
foi da ferragem do P17 se abrindo,
por falta de ganchos que a pendessem na horizontal e baixa resistência do concreto."
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