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Formação continua sem regras
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
Os mecanismos de incentivo à
formação do professor e de fiscalização do Fundef precisam ser aprimorados, embora já tenham sido
implantados na maioria dos municípios brasileiros, como demonstrou estudo divulgado anteontem
pelo Ministério da Educação.
Segundo o levantamento, 72,5%
dos municípios analisados (2.240)
têm plano de carreira do magistério -uma obrigação legal prevista
na legislação do Fundef (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). Em 42,5%
das cidades que dizem ter o plano,
ele teria sido criado em 98, primeiro de vigência do fundo.
Um problema dos planos de carreira, avaliam representantes dos
docentes, é o fato de que, em geral,
eles só contemplam o aspecto salarial, relegando a formação a uma
esfera secundária.
"São muito padronizados e garantem gratificações, mas não falam em linhas de financiamento
para que os professores possam fazer curso superior ou de especialização", diz Francisco das Chagas
Fernandes, representante da
CNTE (Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Educação)
no conselho federal de acompanhamento do Fundef.
Remuneração e formação
A formação e a especialização na
área de educação garantem melhores salários, mostra o estudo divulgado pelo MEC. Por exemplo, um
professor com primeiro grau completo teve um ganho salarial de
33,3% entre dezembro de 97 e
agosto de 98. Já um que não tem esse diploma, teve aumento de 29%.
Os dados se referem à média nacional (veja quadro nesta página).
Nas regiões mais ricas, como o
Sudeste, os ganhos de remuneração tendem a ser maiores para os
docentes com graus de formação
mais elevados -quem mais ganhou é quem tem licenciatura curta, com aumento de 14,9%.
A percepção de que formação
implica mais dinheiro, somado ao
fato de que os municípios são obrigados a usar o dinheiro do "fundão" no ensino fundamental, está
levando as prefeituras a fazer parcerias com universidades. É o que
ocorre na Unesp (Universidade
Estadual Paulista) de Assis (SP).
"É positivo, mas para que os resultados apareçam na sala de aula,
é preciso garantir que o fluxo de
recursos do fundo será mantido",
diz José Luiz Guimarães, professor
da Faculdade de Ciências e Letras
de Assis.
Fiscalização
Já os conselhos civis de acompanhamento, mecanismo fundamental para assegurar que o dinheiro do fundo está sendo aplicado como manda a lei, existem em
80% dos municípios pesquisados.
Eles existem em nível federal, estadual e municipal e normalmente
são compostos por representantes
do governo, de entidades ligadas à
educação e da sociedade civil.
O dinheiro do fundo tem de ser
aplicado exclusivamente no ensino fundamental -60% com salários de professores e 40% na manutenção e na melhoria da qualidade do ensino.
No entanto, o funcionamento
ainda é precário, o que dá margem
a desvios e usos indevidos dos recursos. Na cidade de São Paulo,
por exemplo, o conselho se reuniu
uma única vez. O conselho federal
foi implantado em maio de 98, mas
só se reuniu três vezes.
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