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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003
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ACIDENTE Barco, que transportava 64 pessoas, seria impróprio para as condições do mar de ontem; 2 crianças estavam entre as vítimas Naufrágio em Cabo Frio mata pelo menos 12
DA SUCURSAL DO RIO FREE-LANCE PARA A FOLHA Um acidente com o barco de turismo Tona Galea deixou pelo menos 12 pessoas mortas, ontem, em Cabo Frio (154 km do Rio, na Região dos Lagos). Todos os corpos levados para o Instituto Médico Legal da cidade eram de mulheres, sendo dois de crianças. Até as 20h30, apenas nove das vítimas tinham sido identificadas: Magna Dutra, 38, e sua filha, Joyce Dutra, de cinco, que moravam em Belo Horizonte, e Maria da Conceição Vieira, 62, que vivia em Niterói (a 15 km do Rio), Célia Regina Ludovice Ferraz de Souza, que morava em Santo André (ABC paulista), Marilange Guimarães Souza, Raimunda Santos da Silva, Joanita Santana Duarte, Helena Souza e Rita Prastes Costa. Com o vento forte e a maré alta, bombeiros e mergulhadores do Grupamento Marítimo, barcos particulares, pescadores e dois helicópteros da Defesa Civil suspenderam as buscas de possíveis desaparecidos no início da noite. A Prefeitura de Cabo Frio não sabia informar se havia desaparecidos, porque a maioria dos náufragos foi socorrida por barcos particulares que levaram as pessoas para vários pontos da cidade. A Marinha, no entanto, divulgou que há nove desaparecidos. À noite, foi montado no Teatro Municipal um esquema para identificação dos mortos e listagem dos sobreviventes. O barco adernou por volta das 12h20 na entrada do canal do Itajuru, próximo à ilha do Papagaio e a 1,8 km da praia do Forte. Os náufragos foram socorridos inicialmente por outras embarcações de passeio e por barcos particulares que passavam pela área. Segundo nota do Comando do 1º Distrito Naval, a embarcação foi vistoriada pela Agência da Capitania dos Portos de Cabo Frio em 26 de dezembro de 2002 e "encontrava-se em perfeito estado de conservação e seus tripulantes estavam habilitados". Ainda segundo a Marinha, o barco tinha capacidade para 78 passageiros e dois tripulantes. Na hora do acidente, tinha 64 pessoas a bordo. Segundo a polícia, o comandante do Tona Galea, Norberto Guimarães da Silveira, ainda não depôs porque, segundo familiares, ele se feriu no acidente e está hospitalizado. A delegacia informou ainda que havia um outro tripulante no barco que fugiu após saber que iria prestar depoimento. Na hora do acidente o mar estava agitado e com rajadas de ventos de 45 nós (cerca de 85 km por hora). A Folha apurou que o barco não era uma escuna e nem uma traineira, embarcações mais comuns na região, mas um barco de fundo chato preparado para passeio turístico e impróprio para as condições do mar de ontem. Testemunhos de passageiros sobreviventes relatam que o barco já tinha feito uma parada na ilha do Papagaio para o banho de mar e voltava para o canal quando uma onda mais forte jogou a embarcação e assustou os passageiros, que correram quase todos para o seu lado esquerdo. Com o peso, ele virou, depois emergiu novamente e ficou adernado. Os corpos resgatados estavam sendo levados para o Iate Clube de Cabo Frio. O barco acidentado foi rebocado para próximo da praia do Forte, mas só hoje, com maré baixa, poderá ser iniciada a perícia. O secretário de Turismo, Carlos Victor Mendes, disse que o passeio foi intermediado por uma agência de turismo. O 1º Distrito Naval (Rio de Janeiro) informou que o embarque da Tona Galea foi todo filmado pela agência de turismo que ofereceu o passeio. As fitas, segundo o órgão, estão com a Capitania dos Portos e servirão para facilitar a identificação das vítimas. A Prefeitura de Cabo Frio decretou luto oficial de três dias na cidade e suspendeu a programação de shows prevista para as noites deste feriado na praia do Forte. Os shows de ontem seria com Toni Platão e com Frejat. Para hoje estavam programados Flávio Venturini e depois Jorge Vercílio. A secretaria de Turismo calcula que entre 500 mil e 700 mil pessoas estão passando os feriados da Semana Santa na cidade. O programa no Tona Galea e nos outros barcos da Coopnave (Cooperativa dos Administradores da Navegação de Turistas e Passageiros) consiste num passeio de cerca de duas horas. Os barcos saem de vinte em vinte minutos, entre 9h e 15h, do terminal do Boulevard do Canal, entram no canal do Itajuru e vão até a sua saída, ao largo do Forte de São Mateus, na ponta da praia do Forte. Daí, as embarcações rumam para uma das enseadas da ilha do Papagaio, onde param para mergulhos e banho de mar. O passeio custa R$ 15,00 e inclui um serviço de bordo que consiste em bebidas e frutas. A governadora Rosinha Garotinho (PSB) enviou à cidade o secretário da Defesa Civil do Estado, Carlos Alberto de Carvalho. Próximo Texto: Bateau Mouche matou 55 em naufrágio de 88 Índice |
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