São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2004

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HABITAÇÃO

Governador afirma que invasões são um movimento político e nada espontâneo; para secretário, não houve abuso policial

Ação é "abril vermelho urbano", diz Alckmin

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) classificou de "abril vermelho urbano" as invasões ocorridas em São Paulo, numa referência à mobilização do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Desde a morte de 19 sem-terra em Eldorado do Carajás, em 1996, as ações do MST são concentradas nesse mês.
Para Alckmin, as invasões de ontem são um "movimento politiqueiro", "organizado", que "nada tem de espontâneo". "São ações organizadas, para ocupar lugar na mídia. Há uma logística por trás de tudo, que inclui até cesta básica aos participantes." Alckmin considerou um "abuso, uma provocação" o fato de os invasores terem ocupado também uma instalação militar.
Ele disse que o Estado, nos seus vários programas, está beneficiando 400 mil pessoas, com a entrega de quase 100 mil unidades -a CDHU diz que serão 80 mil. Um dos programas é destinado para famílias com renda inferior a um salário mínimo e estudos estão sendo feitos para a erradicação dos cortiços do centro expandido.
Questionado se houve abuso policial na ação contra os invasores, Alckmin disse que "não permitirá" nenhum tipo de abuso e que os fatos "serão apurados".
Citando o MST, o governador disse que os invasores estão ocupando "fazendas produtivas" e que todas as ocupadas serão reintegradas. "Tudo isso poderia ser evitado. As reintegrações são sempre tensas", afirmou.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, cotado para se candidatar à sucessão de Marta Suplicy pelo PSDB, também chamou a mobilização de "política". Ele acusou os grupos de sem-teto de serem "inflados artificialmente".
"A quantidade de pessoas que participam [das invasões] é muito maior do que a que faz parte do movimento", afirmou. "Quem está esperando na fila [dos apartamentos da CDHU] tem mais necessidade do que os invasores."
Abreu Filho disse que a invasão de um quartel da PM foi uma "tentativa de desmoralização" da instituição. Ele declarou que "eventualmente teve de ser usada um pouco de força", mas negou que tivesse havido abuso policial. "Foram duas negociações. Fomos no limite e usamos somente armas não letais, como bomba de efeito moral", afirmou.
O secretário disse que a PM não soube com antecedência sobre a realização das invasões. Afirmou que conseguiu retirar os sem-teto ainda de madrugada porque as equipes de plantão foram ágeis. A pasta dele diz que foram usados 250 PMs para barrar as invasões.


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