|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para advogados, só reforma acaba com morosidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Casos como o de Gil Rugai, preso há dois anos sem
julgamento, são comuns no
Brasil e só vão diminuir com
a reforma do sistema processual e com maior aparelhamento do Judiciário.
É a opinião de especialistas
em direito ouvidos pela Folha, que criticam o CNJ
(Conselho Nacional de Justiça) pela falta de avanços que
possam acelerar o trâmite
dos processos.
O CNJ afirmou ontem que
realizar mudanças na legislação nesse sentido não faz
parte de suas atribuições.
"É preciso mudar a legislação, por exemplo, que trata
do júri. Hoje, é preciso que a
sentença de pronúncia transite em julgado [seja definitiva] para que o júri ocorra",
diz Marcelo Semer, presidente da Associação dos Juízes para a Democracia. Para
ele, o CNJ "não mexeu em
nada" nessas questões.
A procuradora de Justiça
Luiza Nagib Eluf reforça a
crítica ao CNJ ("a lentidão
dos processos deveria ter sido tratada como prioridade") e cita o excesso de processos por juiz. "Mas, em
muitos casos, quem provoca
o atraso é a defesa, em busca
da absolvição", afirma.
Ademar Gomes, presidente da Acrimesp (Associação
dos Advogados Criminalistas de SP), cobra o Estado.
"Precisamos de mais juízes,
mais promotores. É um absurdo réus ficarem presos
indefinidamente."
A advogada Patricia Rios,
porém, diz não acreditar que
a solução seja mudar a legislação. "Não é soterrando de
leis que vamos ter uma solução para essa demora. A lei
já prevê prazos, mas os juízes têm centenas de feitos
para julgar. O problema é de
falta de gente, é braçal", comenta Rios
O problema é mais grave
nos rincões do país, diz o padre Gunther Zgubic, coordenador nacional da Pastoral
Carcerária. "No Pará, um
réu ficou dez anos preso esperando o júri", diz.
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Libertação de Suzane depende de relatórios Índice
|