São Paulo, domingo, 20 de abril de 2008

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Sobra mais tempo para namorar e para fazer aventuras, diz relações-públicas

DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL

No lugar de filhos, um casamento com clima de namoro, passeio de motocicleta, planador e saltos de asa delta. Foi essa a opção da relações-públicas Márcia Villela, 54, dos Jardins, bairro nobre de São Paulo.
"Eu e meu marido éramos líderes nos setores em que atuávamos. Tínhamos muito afazeres, viajávamos sempre e não havia folga nem no fim de semana. Ter filhos seria uma escolha complicada", diz ela, que ficou viúva há sete anos.
Ainda é uma opção de poucos. Segundo o DataFolha, dos brasileiros que não tem filhos, apenas 12% afirmam que querem continuar sem filhos.
"Cheguei a ficar grávida uma vez, mas perdi o bebê. Resolvemos não tentar de novo. Uma criança iria ser prejudicada e nos prejudicar", conta Márcia.
Assim, o casal tinha "tempo livre para namoro e aventura". "A gente dançava, curtia moto, planador, asa delta. Se tivesse filhos, acho que não teria sido tão feliz. De vez em quando, sinto falta da maternidade. Em compensação, tenho muita liberdade", afirma Márcia.
O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves tem pesquisado o crescimento da população sem filhos no país, fenômeno que acontece há mais tempo na Europa. A Pnad (IBGE) mostra que, de 1996 a 2006, o número de domicílios com casais sem filho cresceu 66%, e o de residências onde há só um morador cresceu 86%. Taxas maiores do que a variação no número total de domicílios: 37%.
Em parceria com Luiz Felipe Barros, o demógrafo mostra que os casais sem filhos têm maior rendimento: "Não tendo que cuidar da procriação, o casal pode dedicar mais tempo às atividades educacionais".
Alves lembra que o crescimento desses arranjos tende a baixar ainda mais a taxa de fecundidade. "Em um primeiro momento, teremos uma situação positiva, com o aumento do percentual de pessoas economicamente ativa. No entanto, em pouco tempo haverá crescimento maior da proporção de idosos. Os desafios não podem ser ignorados."


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