São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2010

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Preso após depor em CPI, padre nega pedofilia

Monsenhor negou envolvimento com crianças e adolescentes em depoimento à CPI da Pedofilia

Promotoria pediu a prisão preventiva por temer que padre fugisse; religioso disse à CPI que "pecou contra a castidade" só com adulto

Claudio Roberto - 18.abr.2010
Monsenhor Barbosa e o senador Malta (PR-ES) no depoimento

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

O advogado Edson Lucena Maia Neto, que representa o monsenhor Luiz Marques Barbosa, 82, investigado pela polícia de Alagoas por suposto abuso sexual de crianças e adolescentes e preso anteontem em Arapiraca (120 km de Maceió), disse que vai pedir hoje a revogação da prisão do religioso.
O monsenhor -título honorífico dado pelo papa a membros da igreja pela relevância de sua função- foi preso após prestar depoimento à CPI da Pedofilia do Senado.
Antes de ser preso, ele negou o crime de pedofilia e disse que "pecou contra a castidade" com pessoa do mesmo sexo, mas nunca com crianças ou adolescentes. Segundo seu advogado, não há crime nisso.
A prisão preventiva de Barbosa, pedida pela Promotoria -que temia que ele fugisse do país-, foi decretada por um juiz que acompanhava a CPI.
A delegada Maria Angelita Sousa, que conduz o inquérito contra o monsenhor e outros dois sacerdotes da cidade, disse que o religioso tirou recentemente um passaporte, o que levantou a suspeita.
O advogado do monsenhor disse ele havia programado uma viagem à Itália e ao Vaticano para a celebração do final do ano sacerdotal, entre junho e julho. Maia Neto negou que o monsenhor planejasse fugir.

Ex-coroinhas
A CPI ouviu outros dois sacerdotes acusados de pedofilia -o padre Edilson Duarte, que está colaborando com as investigações, e o monsenhor Raimundo Gomes do Nascimento, que negou o crime de pedofilia.
Ex-coroinhas, hoje com mais de 18 anos, fizeram as acusações em um programa de TV, em março. Barbosa aparece em um vídeo fazendo sexo oral com um dos rapazes.
O advogado Daniel Fernandes, que também representa o religioso, disse que os ex-coroinhas tentaram extorquir dinheiro do monsenhor. Segundo Fernandes, eles pediram R$ 5 milhões para não divulgar as imagens. O monsenhor, segundo o advogado, apresentou uma queixa-crime contra os dois rapazes.
A Diocese de Penedo (AL) não comentou a prisão de Barbosa ontem. Em março, suspendeu os três sacerdotes de suas atividades na igreja. A Folha não conseguiu falar com o padre Duarte nem com o monsenhor Nascimento.


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