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Ex-diretor do IC vira alvo de ação por suspeita de fraude
Negrini Neto manipulou concurso do Instituto de Criminalística, afirma Promotoria
Caso foi revelado pela Folha no ano passado após ser mantido sob sigilo e acabar arquivado pela polícia de SP; perito nega as acusações
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo ingressou na Justiça com
uma ação de improbidade administrativa contra o perito
Osvaldo Negrini Neto, ex-diretor do Instituto de Criminalística, pela suspeita de tentar
fraudar um concurso.
Em 2005, como presidente
da banca de concursos para perito, Negrini publicou irregularmente uma lista com 202
nomes de candidatos reprovados como se fossem aprovados.
Com isso, a lista pulou de 417
nomes para 619. O perito confirma a publicação, mas nega
ter havido irregularidade.
A suspeita de fraude no concurso foi revelada pela Folha
em dezembro do ano passado.
Até então, o caso era abafado
pela Polícia Civil, que escondeu
a suspeita até mesmo do Ministério Público. Tratou na época
o assunto em sindicância interna na Corregedoria e acabou
arquivando o caso em sigilo.
Por envolver suspeita de crime,
o correto seria abrir inquérito
policial e relatar tudo à Justiça.
A investigação foi reaberta
após a Folha revelar o caso no
ano passado. Dias depois, Negrini foi afastado do cargo e, no
mês passado, pediu aposentadoria. Segundo a Promotoria, o
crime de improbidade prescreveria em outubro deste ano.
De acordo com o promotor
Antonio Celso Faria, a ação de
improbidade pede a perda do
cargo do perito. Nesse caso, ele
teria sua aposentadoria como
funcionário cassada. "É gravíssimo o que ele fez", disse Faria.
Durante a investigação, que
conta com a ajuda da nova
equipe da Corregedoria, todos
os peritos ouvidos confirmaram a tentativa de fraude.
Dizem que Negrini alterou a
lista após a banca realizar uma
prova escrita com "questões
inéditas", e não com questões
às quais o perito teve acesso
anterior. "Havia várias denúncias de que estava ocorrendo a
venda do gabarito pela importância de R$ 20 mil a R$ 40
mil", afirma um trecho da ação.
O concurso teve 11.632 candidatos disputaram 159 vagas.
Da lista de reprovados, atualmente 22 deles são peritos.
Outro lado
Negrini afirmou ontem que
não sabia que a Promotoria havia apresentado ação contra
ele. Alega que não pode apresentar suas testemunhas e provas de que foram os colegas é
que fraudaram o concurso.
Afirma também que só publicou a lista sozinho porque todos os integrantes da banca foram viajar e abandonaram a
análise dos recursos apresentados. "Eu saí da polícia mais pobre do que entrei", disse.
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