São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2010

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Ex-diretor do IC vira alvo de ação por suspeita de fraude

Negrini Neto manipulou concurso do Instituto de Criminalística, afirma Promotoria

Caso foi revelado pela Folha no ano passado após ser mantido sob sigilo e acabar arquivado pela polícia de SP; perito nega as acusações

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público de São Paulo ingressou na Justiça com uma ação de improbidade administrativa contra o perito Osvaldo Negrini Neto, ex-diretor do Instituto de Criminalística, pela suspeita de tentar fraudar um concurso.
Em 2005, como presidente da banca de concursos para perito, Negrini publicou irregularmente uma lista com 202 nomes de candidatos reprovados como se fossem aprovados. Com isso, a lista pulou de 417 nomes para 619. O perito confirma a publicação, mas nega ter havido irregularidade.
A suspeita de fraude no concurso foi revelada pela Folha em dezembro do ano passado. Até então, o caso era abafado pela Polícia Civil, que escondeu a suspeita até mesmo do Ministério Público. Tratou na época o assunto em sindicância interna na Corregedoria e acabou arquivando o caso em sigilo. Por envolver suspeita de crime, o correto seria abrir inquérito policial e relatar tudo à Justiça.
A investigação foi reaberta após a Folha revelar o caso no ano passado. Dias depois, Negrini foi afastado do cargo e, no mês passado, pediu aposentadoria. Segundo a Promotoria, o crime de improbidade prescreveria em outubro deste ano.
De acordo com o promotor Antonio Celso Faria, a ação de improbidade pede a perda do cargo do perito. Nesse caso, ele teria sua aposentadoria como funcionário cassada. "É gravíssimo o que ele fez", disse Faria.
Durante a investigação, que conta com a ajuda da nova equipe da Corregedoria, todos os peritos ouvidos confirmaram a tentativa de fraude.
Dizem que Negrini alterou a lista após a banca realizar uma prova escrita com "questões inéditas", e não com questões às quais o perito teve acesso anterior. "Havia várias denúncias de que estava ocorrendo a venda do gabarito pela importância de R$ 20 mil a R$ 40 mil", afirma um trecho da ação.
O concurso teve 11.632 candidatos disputaram 159 vagas. Da lista de reprovados, atualmente 22 deles são peritos.

Outro lado
Negrini afirmou ontem que não sabia que a Promotoria havia apresentado ação contra ele. Alega que não pode apresentar suas testemunhas e provas de que foram os colegas é que fraudaram o concurso.
Afirma também que só publicou a lista sozinho porque todos os integrantes da banca foram viajar e abandonaram a análise dos recursos apresentados. "Eu saí da polícia mais pobre do que entrei", disse.


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