São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CHIC
Rua dos Jardins espanta fama de azarada e recebe nomes como Versace, Armani e Thierry Mugler
Bela Cintra desencanta com novas lojas

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

A rua Bela Cintra, nos Jardins (zona oeste), desenterrou de vez o sapo que mantinha sua fama de azarada e se prepara para se tornar o grande ponto de grifes internacionais na cidade.
Além das grifes italianas recém-inauguradas -Emporio Armani, aberta na última quarta-feira, e Versace, há sete meses na Bela Cintra-, a rua contará ainda com a marca japonesa Kenzo e a francesa Thierry Mugler.
``A rua será vista como um bulevar, atraindo pessoas bonitas e erguendo o comércio'', diz Michelle Nasser, sócia da Emporio Armani.
No final dos anos 80, o grande número de negócios -principalmente restaurantes- que abriam e fechavam em pouco tempo conferiu à rua uma imagem de micada, ou azarada.
Além disso, marcas de peso raramente se instalavam na Bela Cintra -ao contrário do que aconteceu com sua``irmã rica'', a paralela Haddock Lobo, onde estão bem consolidadas casas como The Place, Rodeio e The Gallery.
Flora Marisa Tusatto, dona da pizzaria Babbo Giovanni -que se mantém viva há 16 anos- contesta a má fama da rua. ``A Bela Cintra nunca foi caída. Alguns negócios não deram certo por causa dos planos econômicos'', diz.
Outra casa que sobreviveu à má fama foi a Lellis Trattoria, situada há 11 anos entre as alamedas Tietê e Lorena. ``Quando inaugurei a casa, o movimento de carros atrapalhava o trânsito. Hoje, continuamos com filas de espera de clientes'', diz o dono João Lellis.
A má reputação da Bela Cintra começou a caiu por terra com a chegada, há dois anos, do restaurante mineiro Dona Lucinha e do fast food chique Yellow Giraffe.
O fast food atende cerca de 18 mil clientes por mês. ``É a filial que recebe o maior movimento'', diz Gugu di Pace, um dos sócios.
Ele não acredita que a rua será tematizada como ``a rua da moda''. ``Está havendo uma diversificação de produtos oferecidos, o que é muito bom. Mas com certeza as grifes de moda serão um chamariz para o comércio da rua.''
A inauguração do restaurante francês Le Chef Rouge, em 96, também contribuiu para a queda do tabu. ``Nunca acreditamos nessa história de `mico'. Vimos o ponto como uma grande oportunidade'', diz a sócia Vanessa Fiuza.
``As grifes internacionais são bem-vindas porque irão atrair novos clientes aos restaurantes da Bela Cintra'', comemora Vanessa.
A empresária Janete Bogocian, uma das donas da Versace, tem a mesma opinião. ``Vamos animar a Bela Cintra e transformá-la, junto com as outras grifes, em uma Madison ou uma Rodeio Drive brasileira (ruas de Nova York e Los Angeles famosas pelas butiques de grifes internacionais).''

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã