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RELIGIÃO
Para grupo religioso, causas têm origem espiritual; cultos quase diários afastam membro do círculo anterior
Evangélico converte os homossexuais
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Os maiores grupos pentecostais
vêm realizando a "conversão" ou
"redenção", ou ainda, "libertação", de homossexuais no Brasil.
É a principal ação de seitas como a
Igreja Universal do Reino de Deus,
no campo comportamental.
Um estudo feito pela socióloga
Maria dos Dores Campos Machado mostrou maior preocupação
com o tema do que com qualquer
outro, quanto à sexualidade.
"A homossexualidade é mais difícil até que o aborto, para os pentecostais. Ela quebra com a questão central, a família, e o princípio
de reprodução, a sexualidade para
a reprodução humana."
Diversos casos de "conversão"
têm sido usados como exemplo,
nas igrejas. Um deles, o de André
Luís da Cruz, 28, era citado no início de dezembro pela "Folha Universal", da Universal, como um
"liberto do homossexualismo" e
da "vida de prostituição".
Uma das razões para a maior
atenção dos pentecostais ao tema,
segundo a socióloga, foi o debate
sobre o projeto de união de homossexuais, da deputada federal
Marta Suplicy (PT-SP).
A deputada confirma o interesse
dos evangélicos. "Eles me assediam muito para ver essa `redenção'. Mas acho absurdo. Não é
doença para ser curada."
O que a análise das "redenções"
apontou de inesperado, segundo a
socióloga, foi a "explicação espiritual" para a homossexualidade.
O comportamento homossexual
seria uma manifestação da presença de um espírito feminino, a
pomba-gira.
A explicação estaria vinculada à
"concorrência" por fiéis, entre as
igrejas evangélicas e o candomblé,
o culto de origem africana mais
aberto ao homossexualismo.
Os pentecostais oferecem, além
do diagnóstico, a terapia: um
"exorcismo" social.
Sufocam o novo membro com
cultos quase diários e atividades ligadas à igreja, aos poucos fazendo
com que se distancie do círculo
anterior.
Nem todos, no movimento
evangélico, aceitam a ação repressiva ao homossexualismo. O pastor Nenhemias Marien, presbiteriano, da formação calvinista, mas
com "uma postura um pouco carismática", segundo a socióloga,
confronta os demais.
Dois anos atrás, realizou um casamento de homossexuais que
abriu um gigantesco debate entre
os evangélicos.
"A mentalidade dita cristã é homofóbica", diz ele. "Tem uma
crise quando vê um homossexual
na congregação."
Despreocupado com polêmicas,
o pastor chega a afirmar que "o
amor entre gays e lésbicas é o mais
puro, porque não há nenhuma
motivação".
No livro "Jesus, a Luz da Nova
Era" (ed. Record, 1995), detalha a
opinião dizendo que "na homossexualidade se pratica o amor liberto de todas as formas de preconceito, numa entrega plena e
sem restrições. Por isso mais puro
e sincero."
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