São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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GUERRA URBANA/ SISTEMA PRISIONAL

Lista de penitenciárias não foi divulgada para "evitar possíveis problemas'; familiares dos presos terão de se informar por telefone

Governo restringe visitas a presídios em SP

Beto Baptista/Folha Imagem
Movimentação de familiares em frente à Penitenciária de Ribeirão Preto, onde houve rebelião durante a crise da segurança em SP


FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo paulista decidiu suspender neste final de semana as visitas a detentos nos presídios do Estado onde houve rebeliões durante os ataques do PCC. No total, foram 82 motins, incluindo penitenciárias e cadeias públicas.
A Secretaria da Administração Penitenciária não divulgou o número e a lista de presídios que ficarão sem visitas. Informou apenas que serão "praticamente todas as unidades que registraram rebeliões nos últimos dias".
A secretaria tampouco informou se a decisão vale para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde não houve rebelião, mas estão concentrados 765 presos ligados ao PCC.
Ao todo, São Paulo tem 144 unidades prisionais, com capacidade para 95.645 detentos. Hoje, o sistema abriga 124.446 pessoas. O déficit é de 28.801 vagas.
A assessoria de imprensa da secretaria disse que os familiares dos detentos deverão telefonar para as unidades para saber se haverá visitas neste fim de semana.
A lista não será repassada à imprensa para "evitar possíveis problemas", diz a assessoria.

Prisão segura
O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou na noite de quinta-feira a internação por 90 dias em RDD (regime disciplinar diferenciado) de outros quatro integrantes da cúpula do PCC. São eles: Marcelo Moreira Prado, o Exu, Eduardo Lapa dos Santos, o Lapa, Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Luiz Henrique Fernandes, o LH.
RDD é um regime pelo qual o preso fica confinado em sua cela 23 horas por dia e não tem acesso a TV, rádio e jornal.
A ordem foi dada pelo juiz corregedor Carlos Fonseca Monnerat, do Departamento de Execuções Criminais. O prazo de 90 dias será contado a partir de 13 de maio, data em que foram recolhidos. Até então, eles estavam em caráter preventivo nesse regime (a lei permite essa situação por até 10 dias sem autorização judicial).
O pedido foi do secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, em razão de os criminosos terem feito ameaças a autoridades e afirmado que provocariam rebeliões. O líder do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, está no RDD em Presidente Bernardes.

Estado de greve
O sindicato dos agentes penitenciários do Estado aprovou ontem à noite estado de greve até a 0h de quinta-feira. A paralisação só não será deflagrada se representantes da categoria forem recebidos pelo governador Cláudio Lembo (PFL) e receberem dele garantia de um reajuste superior aos R$ 400 oferecidos pelo Estado como gratificação. Com a greve, ameaça o sindicato, o banho de sol e a visita aos detentos deixará de ocorrer. Há 22 mil agentes nas penitenciárias, com salário médio de R$ 1.200 mensais.


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