São Paulo, sábado, 20 de maio de 2006

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GUERRA URBANA/ COMUNICAÇÃO

Aparelhos funcionaram em testes feitos ao redor de quatro dos seis presídios atingidos pela restrição determinada pela Justiça

Bloqueio de celular começa com falhas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O bloqueio do sinal de celulares ao redor de penitenciárias do Estado de São Paulo começou com falhas. Em testes realizados ontem à tarde pela Folha, aparelhos funcionaram em alguns pontos ao redor de presídios de quatro das seis cidades em que a restrição foi ordenada pela Justiça.
Na última quarta-feira, o juiz Alex Zilenovski determinou que os serviços de telefonia móvel nas penitenciárias de Araraquara, Avaré, Franco da Rocha, Iaras, Presidente Venceslau e São Vicente fossem suspensos em até 48 horas. Segundo a sentença, a medida foi tomada para "paralisar, senão dificultar, os contatos entre líderes de facções criminosas e seus operadores".
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) informou que a medida foi cumprida até as 14h de ontem. Entretanto, a Folha constatou problemas na operação nas penitenciárias de Franco da Rocha, Araraquara, São Vicente e Presidente Venceslau. Celulares da Vivo, Tim e Claro funcionaram em pontos bem próximos a penitenciárias depois desse horário.
A Anatel admite que somente na semana que vem terá condições técnicas de avaliar a eficácia das medidas tomadas para o cumprimento da decisão. Informa que, por se tratar de uma ação feita às pressas, é possível que nem todos os presídios citados na determinação judicial estejam totalmente livres dos sinais de celulares. Telefones via satélite, fora de determinação judicial, podem ser usados normalmente.
Além disso, a Anatel espera que a partir da próxima segunda-feira possa saber o percentual de habitantes que serão diretamente prejudicados pelo corte dos sinais. De acordo com Bruno Ramos, gerente de Regulamentação dos Serviços Móveis da Anatel, é "impossível" que parte da população não seja afetada.
Para cumprir a decisão judicial, as operadoras (Vivo, Claro, TIM, Embratel, Nextel e Telefônica) utilizaram um projeto específico para cada caso. Segundo a Anatel, não foram instalados bloqueadores. As medidas se resumiram ao desligamento de setores ou à diminuição da potência de transmissão. "Essa não é uma coisa simples. Se fosse simples, já teríamos feito antes" afirmou Ramos, que cita a facilidade de cumprir uma decisão como essa na zona rural (devido ao isolamento da unidade prisional).
A partir da semana que vem, a Anatel passará a encaminhar relatórios diários ao juiz Zilenovski, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), que determinou o bloqueio. A agência e as operadoras querem oferecer à Justiça informações detalhadas sobre a eficácia da decisão e se vale a pena estendê-la além dos 20 dias previamente estipulados.
Os custos da operação não foram divulgados pelas operadoras do serviço nem pela Anatel, que concentra todas as informações sobre a ação.

Ajustes
A Claro e a Tim informaram que realizaram testes e que não havia sinal próximo às penitenciárias ontem.
Operadoras ouvidas pela Folha disseram que, em algumas cidades, os aparelhos celulares podem ter captado o sinal de antenas localizadas em pontos mais distantes. Nesse caso, o sinal é fraco e oscilante. Segundo a Vivo, serão feitos os ajustes necessários.
(EDUARDO SCOLESE, FÁBIO TAKAHASHI E AFRA BALAZINA)


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