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GUERRA URBANA/ COMUNICAÇÃO
Aparelhos funcionaram em testes feitos ao redor de quatro dos seis presídios atingidos pela restrição determinada pela Justiça
Bloqueio de celular começa com falhas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O bloqueio do sinal de celulares
ao redor de penitenciárias do Estado de São Paulo começou com
falhas. Em testes realizados ontem à tarde pela Folha, aparelhos
funcionaram em alguns pontos
ao redor de presídios de quatro
das seis cidades em que a restrição
foi ordenada pela Justiça.
Na última quarta-feira, o juiz
Alex Zilenovski determinou que
os serviços de telefonia móvel nas
penitenciárias de Araraquara,
Avaré, Franco da Rocha, Iaras,
Presidente Venceslau e São Vicente fossem suspensos em até 48
horas. Segundo a sentença, a medida foi tomada para "paralisar,
senão dificultar, os contatos entre
líderes de facções criminosas e
seus operadores".
A Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações) informou
que a medida foi cumprida até as
14h de ontem. Entretanto, a Folha
constatou problemas na operação
nas penitenciárias de Franco da
Rocha, Araraquara, São Vicente e
Presidente Venceslau. Celulares
da Vivo, Tim e Claro funcionaram
em pontos bem próximos a penitenciárias depois desse horário.
A Anatel admite que somente
na semana que vem terá condições técnicas de avaliar a eficácia
das medidas tomadas para o
cumprimento da decisão. Informa que, por se tratar de uma ação
feita às pressas, é possível que
nem todos os presídios citados na
determinação judicial estejam totalmente livres dos sinais de celulares. Telefones via satélite, fora
de determinação judicial, podem
ser usados normalmente.
Além disso, a Anatel espera que
a partir da próxima segunda-feira
possa saber o percentual de habitantes que serão diretamente prejudicados pelo corte dos sinais.
De acordo com Bruno Ramos, gerente de Regulamentação dos Serviços Móveis da Anatel, é "impossível" que parte da população não
seja afetada.
Para cumprir a decisão judicial,
as operadoras (Vivo, Claro, TIM,
Embratel, Nextel e Telefônica)
utilizaram um projeto específico
para cada caso. Segundo a Anatel,
não foram instalados bloqueadores. As medidas se resumiram ao
desligamento de setores ou à diminuição da potência de transmissão. "Essa não é uma coisa
simples. Se fosse simples, já teríamos feito antes" afirmou Ramos,
que cita a facilidade de cumprir
uma decisão como essa na zona
rural (devido ao isolamento da
unidade prisional).
A partir da semana que vem, a
Anatel passará a encaminhar relatórios diários ao juiz Zilenovski,
do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), que determinou o bloqueio. A agência e as
operadoras querem oferecer à
Justiça informações detalhadas
sobre a eficácia da decisão e se vale a pena estendê-la além dos 20
dias previamente estipulados.
Os custos da operação não foram divulgados pelas operadoras
do serviço nem pela Anatel, que
concentra todas as informações
sobre a ação.
Ajustes
A Claro e a Tim informaram
que realizaram testes e que não
havia sinal próximo às penitenciárias ontem.
Operadoras ouvidas pela Folha
disseram que, em algumas cidades, os aparelhos celulares podem
ter captado o sinal de antenas localizadas em pontos mais distantes. Nesse caso, o sinal é fraco e oscilante. Segundo a Vivo, serão feitos os ajustes necessários.
(EDUARDO SCOLESE, FÁBIO TAKAHASHI E AFRA BALAZINA)
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