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GUERRA URBANA /CONFRONTO
Comandante-geral disse que tinha conhecimento das ameaças, mas que não quis causar "pânico" nos soldados com notificação por rádio
PMs só receberam alerta geral após ataques
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O comandante-geral da Polícia
Militar, Elizeu Eclair Borges, disse
ontem que o alerta geral via rádio
para os PMs sobre os atentados
do PCC só ocorreu na noite de
sexta, dia 12, por volta das 20h, depois que dois policiais foram feridos na zona leste de São Paulo.
O coronel afirmou, no entanto,
que toda a corporação sabia verbalmente das ameaças desde o dia
anterior. "Não fizemos o alerta via
rádio antes para evitar pânico e
tumulto entre os policiais." No total, 41 agentes do Estado morreram nos ataques, entre os quais
policiais civis (7) e militares (23).
Segundo Eclair, a polícia soube
das ameaças do PCC durante o
transporte dos 765 líderes da facção para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, na região oeste
do Estado.
"Nós tínhamos a experiência de
2003 e a de janeiro deste ano, ocasiões em que eles [PCC] atacaram
bases fixas, não atacaram carros
da polícia", disse o comandante.
Eclair afirma, porém, que na
sexta, após o início dos atentados,
ele pessoalmente determinou:
""Agora não é mais reunião. Entrem na rede de rádio para o Comando Metropolitano e para o
Comando da Capital e alertem os
policiais". É óbvio que na rede
nunca falamos que morreu policial. Confirmamos que houve ataques, que estávamos sob uma onda de ataques. Eu gostaria de pôr
um ponto final nisso aí. Isso foi
amplamente divulgado."
O comandante-geral disse que
na quinta-feira, assim que a polícia soube das ameaças, reuniu os
oito comandantes regionais da
Polícia Militar e passou todas as
instruções, que deveriam ser repassadas para a tropa em serviço.
Uma das determinações era, segundo ele, para que os policiais
atendessem as ocorrências sempre com dois carros de polícia.
"Não tenho dúvida de que a informação sobre as ameaças chegou aos policiais antes de sexta-feira", disse Eclair.
Mesmo assim, o comandante-geral admite que pode ter havido
falhas na comunicação. "Lógico
que pode. O policial que estava de
folga por exemplo, pode não ter
tomado conhecimento das ameaças. Mas não quero que tenham
dúvida quanto ao aviso, quanto à
preocupação com nossos PMs."
A Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar rebateu as
afirmações do comandante-geral.
O presidente da entidade, cabo
Wilson de Oliveira Morais, disse
que, no sábado, conversou com
cerca de 30 policiais -todos lhe
disseram que foram avisados somente após o início dos ataques.
A associação protocolou anteontem na Procuradoria Geral
de Justiça uma representação criminal contra os secretários Saulo
de Castro Abreu Filho (Segurança
Pública) e Nagashi Furukawa
(Administração Penitenciária).
Para a entidade, o Estado agiu
com descaso ao não avisar os policiais sobre os ataques.
Colaborou RICARDO GALLO, da Reportagem Local
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