São Paulo, sexta-feira, 20 de maio de 2011

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Empresas suspeitas de acerto vão fazer a linha 5 do metrô

"Indícios de conluio não se transformaram em provas", afirma o Metrô; governador autorizou contratação

Consórcios tiveram os nomes revelados pela Folha como vencedores de licitação antes de o resultado ser divulgado


MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO

A linha 5 do Metrô será construída por sete consórcios suspeitos de terem feito um acerto para dividir a obra. A decisão foi tomada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e anunciada ontem pelo presidente do Metrô, Sérgio Avelleda.
A suspeita de conluio foi revelada pela Folha em 26 de outubro do ano passado. Um vídeo e um documento com firma reconhecida em cartório anunciavam com seis meses de antecedência quais seriam os vencedores dos lotes 3 a 8 da linha 5-lilás.
"Os indícios de conluio não se transformaram em provas", disse à Folha o presidente do Metrô. "Sem provas, a administração não pode anular a licitação".
Se o governo anulasse a concorrência, segundo ele, havia o risco de as empreiteiras entrarem na Justiça com um pedido de indenização.

SUSPEITAS
A Corregedoria Geral da Administração analisou a reportagem no ano passado e chegou à conclusão de que havia suspeita de conluio. O então governador Alberto Goldman mandou suspender a licitação.
Procurado, o ex-governador afirmou ontem ter aprovado a decisão de manter a contratação das empresas. "Eu suspendi para apurar as suspeitas", disse.
O Metrô pediu ao Instituto de Criminalística para analisar o vídeo e o documento com firma reconhecida que antecipavam os vencedores.
O vídeo foi gravado em frente a um telejornal da Rede Globo, como prova do dia em que foi produzido.
Os peritos concluíram que o vídeo e o documento não podem ser tomados como provas irrefutáveis.
Sobre as imagens gravadas, o perito do IC diz: "as informações cronológicas (datas) exibidas no vídeo podem ser alteradas, ou previamente gravadas, por pessoas com conhecimento de informática". O órgão não prova, porém, que houve essa fraude.
As conclusões do Instituto de Criminalística são idênticas às de laudos encomendados pelas empreiteiras. O Metrô diz que os laudos privados não foram usados.
Luis Francisco Carvalho Filho, advogado da Folha, contesta o laudo: "Não há a menor dúvida de que o jornalista soube com meses de antecedência o resultado da licitação. Os laudos da polícia e das empreiteiras são insustentáveis tecnicamente".
A linha 5 vai ligar a Chácara Klabin, na Vila Mariana, à estação Adolfo Pinheiro, em Santo Amaro. Está orçada em R$ 4 bilhões e deve ficar pronta em dezembro de 2014.
O texto que antecipou o resultado da licitação da linha 5-lilás do metrô, do jornalista Ricardo Feltrin, ganhou o Prêmio Folha de 2010 na categoria reportagem.


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