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TRÁFICO
Pesquisa aponta que 6,9% da população de todas as cidades com mais de 200 mil habitantes já usou maconha e 2,3%, cocaína
Mais de 9 milhões já usaram alguma droga
SANDRO LIMA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mais de 9 milhões de pessoas no
Brasil já utilizaram pelo menos
uma vez algum tipo de droga que
não seja álcool ou tabaco.
Esse número, que equivale a
19,4% das 47 milhões de pessoas
entre 12 e 65 anos nas cidades pesquisadas, foi constatado no primeiro levantamento domiciliar
sobre o uso de drogas no Brasil,
que ouviu 8.589 pessoas.
A partir disso, a pesquisa, feita
pelo Cebrid (Centro Brasileiro de
Informações sobre Drogas Psicotrópicas), conclui que 6,9% da população das cidades pesquisadas
(70 milhões de habitantes) já usou
maconha e 2,3%, cocaína.
A pesquisa foi feita em todas as
107 cidades com mais de 200 mil
habitantes, o que representa pouco mais de 70 milhões de pessoas
ou 41,3% da população do país.
Foram feitas 8.589 entrevistas. O
trabalho de campo foi realizado
de setembro a dezembro de 2001.
A margem de erro da pesquisa é
de cinco pontos percentuais.
A pesquisa custou R$ 900 mil,
sendo metade dos gastos custeada
pela embaixada americana e o
restante pelo governo brasileiro.
Para o ministro Alberto Cardoso (Gabinete Institucional), os dados mostram que o uso de drogas
não é tão alarmante, mas que,
apesar disso, é preciso continuar a
combater o tráfico e a educar os
jovens para evitarem as drogas.
Cardoso utilizou como comparação os dados de outros países.
Uma pesquisa idêntica realizada
nos Estados Unidos constatou
que 38,9% dos norte-americanos
já utilizaram algum tipo de droga.
O uso de maconha, que no Brasil
foi inferior a 7%, também foi menor que nos Estados Unidos, com
34,2%, porém, foi superior à Bélgica, com 5,8%.
Segundo o secretário nacional
Antidrogas, Paulo Roberto
Uchôa, a pesquisa vai orientar as
ações da Senad no combate e prevenção ao uso de drogas.
Segundo a pesquisa, 11,2% da
população brasileira é dependente de álcool, 9% de tabaco e só 1%
de maconha. A prevalência da dependência de cocaína, por ser
muito baixa, não foi classificada,
mas os responsáveis pela pesquisa
disseram que isso não significa
que não existam dependentes.
José Carlos Galduróz, um dos
pesquisadores, citou pesquisa que
contabilizou nos hospitais psiquiátricos brasileiros 2.201 dependentes de cocaína internados.
Álcool e tabaco, drogas consideradas lícitas, lideram o ranking
das substâncias mais utilizadas
pela população, com 68,7% e
41,1% respectivamente. Depois da
maconha, os solventes, os estimulantes de apetite e os calmantes
são as drogas mais utilizadas.
Regiões
A região Sudeste registrou o segundo maior uso no Brasil de cocaína e crack, perdendo apenas
para a região Sul. Porém, o índice
de dependentes de maconha foi o
mais baixo do país, 0,7%.
A região Norte registrou o
maior uso de merla -subproduto da cocaína-, com 10%, seguido pela Centro-Oeste, com 0,8%.
Na região Nordeste, onde um
terço da população já fez uso de
algum tipo de droga, há o maior
número de dependentes de álcool
por região, 16,9%. Os solventes tiveram o maior registro de uso em
todo o país, 9,7%.
A região Centro-Oeste registrou um uso expressivo de analgésicos
como drogas, 4,2%.
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