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Suzane agora culpa o pai dos Cravinhos
No novo julgamento, em 17 de julho, advogados da jovem sustentarão a tese de que Astrogildo foi o mentor do crime
O pai do ex-namorado Daniel foi apontado pela garota como interessado na herança de Manfred e Marísia von Richthofen
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
"O Astrogildo Cravinhos, pai
do Daniel, foi mentor do crime
-estava interessado na herança"; "Cristian Cravinhos [irmão
de Daniel] era um bobo, manipulado como eu. Travou na hora de matar"; "Daniel foi que
bolou tudo. Ele me manipulava
e me assustava com histórias de
espíritos que ordenavam a
morte dos meus pais."
As acusações são de Suzane
von Richthofen, 22, ré confessa
no assassinato dos pais Manfred e Marísia von Richthofen,
em 30 de outubro de 2002. Foram transmitidas à Folha pelo
advogado Mauro Otávio Nacif,
61, na saída de uma reunião
com a jovem, no último sábado.
Agora, segundo ele, Suzane
inclui mais um personagem ao
caso, cujo novo julgamento está marcado para 17 de julho.
Até então, ela nunca havia citado o pai dos Cravinhos, a quem
chegou a mandar cartas com
pedido de desculpas logo após
sua prisão. Afirma agora que,
antes de ser presa, ele chegou a
sugerir que ela se emancipasse
(para ficar com a herança) e
que tinha certeza de que ele sabia do plano dos filhos.
Na entrevista de Nacif, a
imagem que surge não é mais a
de uma Suzane infantilizada,
com blusa estampada de Mickey, pantufinhas e franja. A
mulher que abriu a porta para o
"doutor Mauro", como ela o
chama, às 9h para uma reunião
que durou até as 14h40, vestia
uma blusa de lã vermelha,
jeans e mocassins beges. Como
adorno, brincos em forma de
argolas grandes, em metal prateado. Tinha os cabelos loiros
avermelhados bem cortados, as
unhas feitas, sem esmalte.
Magra (esqueça a gorducha
de biquíni que apareceu na
TV), falando baixo, "mas com
firmeza", diz o advogado, Suzane disse estar interessada em
dar seu "desabafo de vida".
A expressão "desabafo de vida", Suzane viu em uma revista. A jovem é leitora de todos os
jornais de São Paulo. "Lê especialmente as notícias que se referem a ela." Assiste TV. De novo, atenção especial aos momentos em que ela é o assunto.
Segundo Nacif, o dia a dia da
jovem é comum. "Ela recebe visitas das amigas da faculdade
no apartamento confortável
em que está morando. Suzane
[que está em prisão domiciliar]
tem um quarto só para si, equipado com internet. Levanta cedo, entre 8h e 8h30. Dorme um
pouco à tarde."
No sábado, segundo Nacif,
Suzane recebeu a equipe de advogados com bolo de chocolate
coberto com morangos e outro
de limão -feito por ela. A própria Suzane anotou em uma folha de sulfite os pontos que julga centrais em sua defesa.
A garota define a relação dela
com Daniel Cravinhos, réu
confesso no crime, como de
"obsessão, vício". Escreve em
boa caligrafia e ortografia.
Hoje, a moça se refere ao ex-namorado Daniel como "Corja", como na frase: "Quem me
mandou espalhar os documentos foi o "Corja'", a propósito do
momento seguinte ao crime,
quando, no escritório da casa,
tentou forjar cenário compatível com a idéia de bandidos
vasculhando gavetas.
Há poucos dias, Denivaldo
Barni, que trabalhou com o pai
de Suzane e é o advogado dela
para as questões da herança,
disse à jovem que Daniel estaria recebendo visitas íntimas
na cadeia. Segundo Nacif, Suzane não demonstrou contrariedade. Disse apenas: "Coitada. Ela será a próxima vítima".
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