São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2006

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Prédio do arquivo histórico será restaurado

Edifício inaugurado em 1920 nunca passou por uma reforma completa

Local também sofrerá adaptações para abrigar seu acervo de 4,5 milhões de documentos sobre a cidade, alguns deles do século 16


LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O edifício Ramos de Azevedo, onde fica o Arquivo Histórico Municipal Washington Luís, no centro de São Paulo, passará por obras de restauro no segundo semestre. O local abriga 4,5 milhões de documentos sobre a cidade, alguns do século 16.
Inaugurado em 1920, o prédio nunca passou por uma reforma completa. As fachadas ainda guardam resquícios de uma obra iniciada há 14 anos.
Desta vez, elas serão totalmente restauradas, inclusive com reparos nos frisos e em detalhes decorativos que estão danificados. As quatro faces do prédio serão pintadas na cor creme. "O objetivo é que as fachadas voltem a ser como no projeto original", explica a arquiteta que idealizou o restauro, Cassia Magaldi.
O prédio de arquitetura eclética com influência neoclássica é tombado pelo patrimônio histórico e cultural. O local não oferece condições ideais para um arquivo, pois o piso de dois dos três pavimentos não suporta o peso de muitas estantes.
A obra completa está orçada em cerca de R$ 2 milhões e deve durar dez meses. Parte da verba, R$ 620 mil, é da Secretaria Municipal de Cultura. A maior parcela virá do programa Monumenta, financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), mas ainda não há data certa para a liberação da verba. A expectativa é que saia ainda neste ano.
Além da fachada, o telhado apresenta problemas em parte da estrutura de madeira, que sofre com a ação de cupins. Três salas e um banheiro do primeiro andar foram interditados, pois o teto pode desabar.

Goteiras
A cobertura tem também pontos de infiltração, e algumas telhas serão trocadas. "Quando chove forte, temos que isolar parte da sala de consulta por causa de goteiras", conta a diretora do arquivo, Liliane Schrank Lehmann. Uma clarabóia de 250 m2 no teto e dois vitrais na área das escadas também passarão por restauro.
O subsolo terá o piso -feito de cimento e madeira prensada- substituído por outro mais resistente à ação de cupins e que suporta peso. Dois vitrais que ficam na área das escadas também passarão por restauro.
Um anexo do edifício, que está completamente deteriorado, deve ser recuperado para abrigar mais itens históricos que ficam em outros prédios municipais. "Queremos trazer para cá documentos de até 1935. Se tivéssemos mais espaço, o ideal seria guardar [registros] de até 1970", diz Liliane.
O arquivo possui documentos textuais e iconográficos sobre a capital no período de 1555 a 1921. O acervo conta com mapas, plantas, a história dos bairros, atas da Câmara Municipal do século 16 e projetos originais de símbolos da cidade, como o estádio do Pacaembu e as plantas feitas pelo arquiteto Oscar Niemeyer para a construção do parque Ibirapuera.
Os materiais mais procurados são plantas antigas de prédios particulares e livros de registros de cemitérios, nos quais se pode ter acesso a informações sobre pessoas mortas.


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