|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Suspensa advogada do PCC que obteve gravação secreta
Defensora de Marcola não poderá visitar clientes nem mover ações por 90 dias
Punição também vale para Sérgio Weslei da Cunha, que nega ter clientes dentro da facção, mas que admitiu o acesso a diálogos sigilosos
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os advogados Sérgio Weslei
da Cunha e Maria Cristina de
Souza Rachado, acusados de repassar informações sigilosas da
CPI do Tráfico de Armas a integrantes da facção criminosa
PCC, não podem exercer a profissão nos próximos 90 dias.
Com a suspensão, decidida em
caráter preventivo pela OAB-SP (Ordem dos Advogados do
Brasil), eles ficam impedidos de
visitar clientes em presídios e
de entrar com ações judiciais.
Cunha (que nega ter clientes
do PCC) e Maria Cristina Rachado, advogada de Marcos Willians Camacho, o Marcola, admitiram, em sessão da CPI, que
tiveram acesso a uma gravação
secreta com depoimentos de
dois delegados que investigam
a facção criminosa, Godofredo
Bittencourt e Ruy Ferraz Fontes. Os parlamentares haviam
pedido providências à OAB.
Segundo o presidente do Tribunal de Ética da OAB-SP, Braz
Martins Neto, a suspensão foi
adotada porque eles conseguiram a fita de forma ilícita (não
pediram autorização da CPI e
obtiveram a cópia com o técnico de som da Câmara dos Deputados), atitude que gera "repercussão prejudicial à dignidade da advocacia". O estatuto
do órgão prevê a suspensão de
membros por ações que atrapalhem a imagem da categoria.
Eles ainda podem ser expulsos da ordem, em processo que
corre na seção do Distrito Federal, segundo a OAB nacional.
Nesse caso, são investigados
pela suspeita de terem comprado a gravação e a terem repassado ao PCC. A OAB-SP estima
que a decisão saia em 90 dias.
No depoimento, os delegados
teriam falado da transferência
de membros do PCC, fato que,
segundo a polícia, desencadeou
os ataques em São Paulo.
Maria Cristina Rachado e
Sérgio Weslei da Cunha não
quiseram falar. A defesa dela
estuda qual medida tomar. Já
os advogados dele entrarão
com pedido de reconsideração
na OAB e com mandado de segurança na Justiça Federal para evitar a suspensão.
Segundo o presidente do Tribunal de Ética, mesmo que haja
recurso na entidade, não será
cancelada a suspensão. Caso os
advogados não cumpram a determinação, podem ser novamente suspensos ou sofrer processo criminal por exercer a
profissão sem autorização.
Reação
A decisão tomada pela OAB
paulista não foi aprovada pela
Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo). A entidade divulgou nota de repúdio à decisão do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB-SP.
Para o presidente do conselho da Acrimesp, Ademar Gomes, que é defensor de Sérgio
Weslei da Cunha, o tribunal julgou a repercussão do caso na
mídia e não a atitude dos advogados. "É um precedente perigoso que a OAB está tomando",
afirmou. Gomes diz que é a favor da investigação dos fatos e
posterior punição, se for o caso.
De acordo com a nota, a decisão da ordem foi um ato de autoritarismo. "A OAB já os considerou culpados ante uma
simples informação vinda de
parlamentares que integram a
CPI do Tráfico de Armas."
Em São Paulo há 250 mil advogados inscritos na seccional
da OAB. Neste ano, 14 foram
expulsos da entidade, quase a
mesma quantidade de 2005,
quando 17 foram excluídos.
Texto Anterior: Saúde: Para médico de família, medicina deve "curar e cuidar" Próximo Texto: Frases Índice
|