São Paulo, terça-feira, 20 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo faz levantamento de presos

Objetivo é reunir dados para combater o crime organizado dentro das penitenciárias; visitas também são monitoradas

Trabalho de identificação dos detentos já foi iniciado pela Força de Segurança Nacional no Espírito Santo e no Mato Grosso do Sul


KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

GILMAR PENTEADO
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

Para identificar as lideranças responsáveis pela onda de violência dentro de presídios nos últimos dias, a Força de Segurança Nacional, solicitada pelos governos de Mato Grosso do Sul e do Espírito Santo, está fazendo um levantamento de todos os presos e seus visitantes, para verificar até se estão usando nomes falsos e quais são seus vínculos fora das grades.
Segundo o secretário nacional de Segurança Pública, Luiz Fernando Corrêa, que esteve ontem em Fortaleza no Seminário Executivo Sul-Americano de Segurança Pública, só por meio da inteligência policial será possível combater o crime organizado, como a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
"Fazemos a abordagem nos presídios, uma revista minuciosa. Identificamos, com um método moderno, todos os que estão lá dentro, para saber efetivamente se estão com nomes verdadeiros, e fazemos cruzamentos com o livro de visitantes, para ver quem são as pessoas ligadas aos presos que estão do lado de fora", disse.
Um dos objetivos da ação é, ao identificar os responsáveis, levá-los aos futuros presídios federais. O primeiro, em Catanduvas (PR), deverá ser inaugurado neste mês. Estão previstas outras quatro unidades.
Corrêa afirmou que a tropa da Força Nacional no Espírito Santo deve aumentar para cerca de 250 homens. Até ontem, tinham sido enviados 80 agentes. "Amanhã [hoje] vamos definir os últimos detalhes."
Ele afirmou também que o trabalho de identificação dos presos e monitoramento de visitantes e advogados deve ser estendido para outros Estados, mas não quis dizer quais.
Em Santos (SP), ao inaugurar o novo prédio da Polícia Federal, o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) disse que a situação [de segurança] em São Paulo precisa ser "olhada com muito cuidado".
"O governador Cláudio Lembo é um homem que está muito empenhado nisso, mas acredito que seja uma situação que tem de ser acompanhada todo dia."

Conselho nacional
Durante o encontro em Fortaleza, o secretário nacional de Segurança Pública foi questionado por secretários estaduais da área.
Eles afirmaram que não são ouvidos pelo governo federal e pediram que seja convocado o Conselho Nacional de Segurança -órgão formado pelo governo, Ministério Público e conselhos estaduais de segurança e criado para discutir e sugerir políticas públicas para a área da segurança pública.
"Nós, secretários, precisamos opinar, precisamos ser ouvidos. Esse novo governo nunca convocou o Conselho Nacional", afirmou Manoel Santino Nascimento Júnior, secretário de Defesa Social do Pará e vice-presidente do Colégio Nacional dos Secretários de Estado de Segurança Pública.
O secretário nacional, Luiz Fernando Corrêa, afirmou que não houve críticas dos secretários estaduais, e sim sugestões que serão agora analisadas pelo governo.


Colaborou MARIANA CAMPOS, da Agência Folha, em Santos

Texto Anterior: Defesa planeja recursos e vê injustiça
Próximo Texto: Penitenciárias: Motim no ES termina depois de 48 horas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.