São Paulo, domingo, 20 de junho de 2010

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CYNIRA STOCCO FAUSTO (1931-2010)

Ela dedicou 60 anos à educação

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Quem serviu de modelo a Cynira Stocco Fausto foi a mãe, uma professora do ensino público que lecionou no interior, mas que morreu com a filha ainda pequena.
Nascida num distrito de Catanduva, a 385 km de SP, Cynira veio à capital estudar num colégio interno. Tempos depois, em 1953, formou-se em história e geografia.
Começou a seguir os passos da mãe com pouco mais de 20 anos, ao ir dar aulas de história no Bandeirantes.
No fim dos anos 50, militou num projeto da esquerda católica junto à Unilabor, uma cooperativa de operários. Fazia atividades com os filhos dos trabalhadores.
Ali, conheceu o marido, o historiador Boris Fausto, que fora visitar a cooperativa. Casaram-se em 1961.
Nos anos 60, especializou-se em orientação educacional. Quando trabalhava no colégio Rainha da Paz, autorizou o uso do livro "Caneco de Prata", de João Carlos Marinho, tido como subversivo pela ditadura. Foi pressionada a se afastar do serviço.
Em 1972, entrou para o colégio Vera Cruz, onde ficou até o fim da vida. Na instituição, foi responsável por implantar o ginásio e criar uma unidade de ensino de inglês, um centro de estudos e o instituto superior de educação.
Dedicou cerca de 60 anos à educação, que sonhava ver popular e de qualidade.
Recentemente, às vésperas de passar por um procedimento médico, disse, pela primeira vez, sentir medo. O marido então a levou ao cinema, para vê-la se divertir com um filme de Woody Allen.
Cynira morreu na quinta, aos 79, de câncer. Deixa viúvo, dois filhos e três netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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