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CYNIRA STOCCO FAUSTO (1931-2010)
Ela dedicou 60 anos à educação
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Quem serviu de modelo a
Cynira Stocco Fausto foi a
mãe, uma professora do ensino público que lecionou no
interior, mas que morreu
com a filha ainda pequena.
Nascida num distrito de
Catanduva, a 385 km de SP,
Cynira veio à capital estudar
num colégio interno. Tempos
depois, em 1953, formou-se
em história e geografia.
Começou a seguir os passos da mãe com pouco mais
de 20 anos, ao ir dar aulas de
história no Bandeirantes.
No fim dos anos 50, militou num projeto da esquerda
católica junto à Unilabor,
uma cooperativa de operários. Fazia atividades com os
filhos dos trabalhadores.
Ali, conheceu o marido, o
historiador Boris Fausto, que
fora visitar a cooperativa. Casaram-se em 1961.
Nos anos 60, especializou-se em orientação educacional. Quando trabalhava no
colégio Rainha da Paz, autorizou o uso do livro "Caneco
de Prata", de João Carlos Marinho, tido como subversivo
pela ditadura. Foi pressionada a se afastar do serviço.
Em 1972, entrou para o colégio Vera Cruz, onde ficou
até o fim da vida. Na instituição, foi responsável por implantar o ginásio e criar uma
unidade de ensino de inglês,
um centro de estudos e o instituto superior de educação.
Dedicou cerca de 60 anos à
educação, que sonhava ver
popular e de qualidade.
Recentemente, às vésperas de passar por um procedimento médico, disse, pela
primeira vez, sentir medo. O
marido então a levou ao cinema, para vê-la se divertir com
um filme de Woody Allen.
Cynira morreu na quinta,
aos 79, de câncer. Deixa viúvo, dois filhos e três netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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