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SAÚDE
Pesadelos são como `pensamentosīruins
JAIRO BOUER
especial para a Folha
Não existe remédio para evitar os
pesadelos -que nada mais são do
que sonhos comuns que vêm
acompanhados de uma sensação
de medo, ansiedade, insegurança
ou ameaça.
O sonho é o resultado do funcionamento cerebral durante o sono.
Do mesmo modo que as pessoas
pensam durante o dia, elas sonham à noite.
Uma diferença importante é que,
durante o dia, os pensamentos estão mais "enquadrados" pelos limites de tempo, espaço e lógica.
No sono, com a perda relativa desses parâmetros, os pensamentos
(sonhos) ganham ares menos definidos.
Seguindo esse raciocínio, do
mesmo modo que as pessoas têm
pensamentos ruins ou vivenciam
sensações de medo e insegurança
durante o dia, elas enfrentam pesadelos à noite.
Esses pesadelos podem ganhar
"tintas carregadas" com a perda
dos limites de realidade, como
tempo e espaço. Assim, a pessoa
pode despencar de um castelo que
flutua no céu e encontrar um
monstro gigantesco ao cair no
chão.
Sonhar é um processo comum
na vida das pessoas. Os sonhos
aparecem de quatro a cinco vezes
por noite -acompanhando uma
fase do sono chamada de REM, do
inglês rapid eye movement (movimento ocular rápido).
Segundo Rubens Reimão, neurologista do Hospital das Clínicas
da USP, estudos mostram que 90%
das pessoas despertadas durante o
sono REM são capazes de se lembrar de seus sonhos. Em contrapartida, apenas 10% das pessoas
despertadas em outras fases do sono lembram dos pensamentos.
Reimão, que também trabalha
no Centro de Distúrbios do Sono,
diz que as pessoas que são mais seguras e confiantes ou que estão
passando por fases mais tranquilas
têm menos pesadelos.
Em contrapartida, quem está
atravessando um momento de
tensão, ansiedade ou insegurança
pode ter mais pesadelos à noite.
Sonhos e pesadelos recorrentes
também não possuem nenhum
significado especial -ao menos
para a neurofisiologia, que estuda
o funcionamento "biológico" do
cérebro.
Reimão explica que um pesadelo
que se repete pode mostrar uma
idéia, um pensamento ou um conflito que a pessoa não está conseguindo resolver.
Os especialistas em sono vêem
hoje o sono REM como uma espécie de "faxina" do que está em
nossa cabeça. A pessoa busca em
sua memória as múltiplas informações obtidas durante o dia,
"apaga" o que não é importante e
organiza os dados fundamentais
em "arquivos".
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