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Beira-Mar inaugura o presídio federal
Primeiro preso na unidade de segurança máxima de Catanduvas (PR), ele ficará em cela comum por pelo menos um ano
Transferência ocorreu sob sigilo absoluto durante a madrugada; aeroporto de Cascavel só foi avisado dez minutos antes do pouso
LUIZ CARLOS DA CRUZ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM CASCAVEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O traficante Luiz Fernando
da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, foi transferido na madrugada de ontem para o presídio
federal de Catanduvas (PR). É o
primeiro presidiário a ocupar a
unidade de segurança máxima
inaugurada em 23 de junho.
Por ordem judicial, ocorreu
sob sigilo a oitava operação de
transferência de Beira-Mar
desde 2003, quando chegou a
Brasília vindo de Bangu 1, no
Rio de Janeiro. Foram usados
carros sem caracterização da
Polícia Federal.
Considerado um dos presos
mais perigosos do Brasil, ele
chegou ao Paraná em um avião
da PF, modelo Cessna Caravan
C-208. Durante o trajeto, tentou puxar assunto com os seis
agentes e com o delegado que o
acompanharam no avião, sem
sucesso. Manteve-se calado,
então, até a porta da penitenciária, onde demonstrou contrariedade, segundo relato ouvido pela Folha.
O avião pousou no aeroporto
de Cascavel à 1h35. O traficante
foi rapidamente colocado em
um carro descaracterizado da
PF e levado então para Catanduvas. O aeroporto só foi informado da chegada dez minutos
antes do pouso da aeronave.
O Ministério da Justiça disse
que a remoção foi solicitada pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e pela Polícia Federal. A transferência foi
autorizada pela 1ª Vara Criminal Federal de Curitiba e realizada pelo Comando de Operações Táticas da PF.
Único preso na penitenciária, o traficante ficará em uma
cela comum durante um ano.
De acordo com o ministério, o
período pode ser prorrogável
por mais 12 meses, se houver
necessidade.
O objetivo da penitenciária,
que tem capacidade para 208
presos, é isolar lideranças criminosas na tentativa de desarticular quadrilhas que atuam
em prisões. A unidade possui
200 câmeras -90% delas escondidas- e os advogados não
têm contato físico com os presos. Mantêm conversas por telefone diante de uma grade de
vidro. Advogados, visitas, promotores e organizações de direitos humanos são submetidos a detectores de metal.
Rotina
A transferência de Beira-Mar
não mudou a rotina da pacata
Catanduvas, cidade com aproximadamente 11 mil habitantes. Moradores já estão acostumados com as blitze diárias que
ocorrem na cidade desde que o
presídio foi inaugurado. Eles se
habituaram a sair de casa com
documentos por causa das
constantes operações policiais.
Moradores ouvidos pela reportagem reagiram com tranqüilidade à chegada de Beira-Mar. "Acho que vai continuar a
mesma coisa, não vai mudar
nada na cidade", disse o costureiro Valdeci Eduardo de Jesus,
33, que trabalha em frente ao
presídio. A dona-de-casa Terezinha Bloski, 43, também manifestou indiferença. "Não me
preocupo. É bem seguro."
Para a doméstica Maria Aparecida Pereira Martins, 33, se o
presídio representasse perigo
as autoridades locais não teriam permitido sua construção.
"A cidade está mais segura."
A mesma opinião tem Cleiton Marcante, 20, funcionário
de um posto de combustível.
"Catanduvas vai ser uma cidade bem segura com a presença
de tantos policiais", disse.
Estados
Cinco Estados -Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás,
Espírito Santo e Pernambuco-
solicitaram oficialmente ao governo federal a transferência
de detentos para Catanduvas.
Segundo o ministério, não há
lista de nomes, apenas solicitação de um número de celas.
Além desses, outros cinco fizeram consultas sobre os procedimentos para levar detentos
para a penitenciária federal.
Entre eles está São Paulo. As
outras localidades não são divulgadas pelo ministério.
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