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Ladrões miram estacionamentos do centro
Como tecnologia de carros novos dificulta furto na rua, bandidos optam por locais onde a chave está disponível
Os roubos são mais frequentes nos finais de tarde; estacionamento
é obrigado a ter seguro para ressarcir cliente
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
O manobrista Carlos, que
pede para não ter o sobrenome divulgado, já se acostumou a ir à delegacia registrar
roubos de carro.
No estacionamento onde
trabalha, no centro de São
Paulo, já esteve na mira de
uma arma por quatro vezes.
Nos últimos 12 meses, 15 carros foram levados do local.
Não se trata de um caso
isolado. A Folha esteve em 16
estacionamentos da região
central da capital paulista e,
desses, apenas dois não tinham sido alvo de assaltos.
Segundo a polícia, todos
os meses são registrados de
quatro a seis assaltos a estacionamentos na região -que
concentra a maioria desses
estabelecimentos na cidade.
E a tendência é que esse tipo de crime aumente.
Segundo o delegado Aldo
Galiano (da 1ª seccional, no
centro), as chaves codificadas e com chips de alguns
modelos de carros novos fazem com que seja cada vez
mais difícil furtar um carro
parado na rua.
Por isso, os ladrões optam
por roubar estacionamentos,
onde é mais fácil conseguir a
chave original do automóvel.
RASTREADORES
Rastreadores instalados
nos carros têm ajudado na recuperação dos veículos.
Por outro lado, para os investigadores, fica mais difícil
chegar até as quadrilhas.
Isso porque os ladrões deixam os carros roubados parados por até três dias em
ruas pacatas, geralmente em
área nobre, para ver se alguém tenta recuperá-lo.
A advogada Flávia Penido,
41, e o arquiteto Marcos
Proença, 38, já foram vítimas
de roubos em estacionamentos no centro da cidade.
Ela tinha estacionado seu
Cross Fox na avenida Rebouças, numa sexta-feira à noite
(os roubos costumam acontecer no final da tarde), e acabou encontrando o automóvel no dia seguinte graças ao
rastreador.
O veículo estava em uma
rua da Bela Vista, a cerca de 5
km do local do assalto. "Fui
do inferno ao céu em 12 horas", diz a advogada. Se o
problema não fosse resolvido, o estacionamento -que é
obrigado por lei a ter seguro- teria de ressarci-la.
Já o arquiteto não teve tanta sorte, mesmo tendo rastreador em seu Gol.
O carro foi levado em uma
quarta-feira do mês de junho, de um estacionamento
na República, e ainda não foi
encontrado. "Já perdi a esperança. Acho que conseguiram retirar o rastreador", diz.
A ação dos ladrões é parecida. Um homem de óculos
escuros se aproxima da guarita como se fosse pedir informações e anuncia o assalto.
Na sequência, outros três
ou quatro assaltantes chegam em um carro logo atrás.
Pegam as chaves guardadas
no estacionamento e levam
quantos carros conseguirem.
ALVOS
Os carros preferidos são os
de luxo e os que estão mais
perto da saída. De um estacionamento na região da
Consolação assaltado três vezes, por exemplo, os ladrões
já roubaram um Corolla, um
Corsa, um Fox, dois Uno, um
Tucson e um Gol.
Dinheiro, pouco se leva.
"Normalmente, é mixaria.
Muita gente paga em cheque
ou cartão e o caixa fica vazio", diz um manobrista de
estacionamento.
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