UOL


São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HIPERTENSÃO

Manifestação é resposta a documento norte-americano que criou categoria de pré-hipertensos; Brasil adota posição européia

Europeus "absolvem" pressão 12 por 8

DA REPORTAGEM LOCAL

Fica estabelecido que a pressão arterial até 12,9 por 8,4 é absolutamente normal. A clássica 12 por 8 é ótima. Quem acaba de estabelecer e publicar tal classificação é a Sociedade Européia de Hipertensão e a Sociedade Européia de Cardiologia.
A manifestação dos europeus é uma resposta ao documento do JNC norte-americano (Joint National Committee), publicado há dois meses, que criou a categoria de pré-hipertenso para níveis entre 12/12,9 por 8/8,4.
"Sem nenhuma evidência científica, acrescentaram aos 25% de hipertensos outros 25% de pré-hipertensos, apavorando milhões de pessoas", diz Décio Mion Júnior, chefe da unidade de hipertensão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Segundo Mion, algumas "revistas brasileiras divulgaram essas orientações como normas a serem seguidas, sem considerar as recomendações brasileiras ou européias, muito mais maduras e consistentes".
O Brasil adota a posição européia. "Se a sua pressão está 12,9 por 8,4, fique tranquilo; ela está absolutamente normal", diz Mion. Pelas classificações brasileira e européia, entre 13 e 13,9 por 8,5 e 8,9, a pessoa está num estágio "limítrofe" e deve reavaliar seus níveis a cada seis meses. Para os norte-americanos, já se trata de um estágio de hipertensão.
De acordo com Mion, pelas orientações do JNC norte-americano, metade da população precisaria de tratamento, embora nem todos necessitem de remédio.
"Os que estão no estágio que chamam de pré-hipertenso devem seguir o que os americanos denominam de "ação orientada", perdendo peso e adotando estilos de vida mais saudáveis, praticando exercícios e reduzindo sal e bebida alcoólica."
Na verdade, essa também é a conduta sugerida no Brasil e nos países da Europa. "O que houve foi apenas uma mudança de nomenclatura, que acaba assustando as pessoas. Eu defendo uma intervenção menos alarmista e mais positiva, pois dessa forma se consegue maior adesão do paciente", afirma Mion.
O grande desafio está justamente em convencer as pessoas a seguirem as orientações por dez, 20 ou 30 anos. Nem as informações sobre as danos faz com que aumente a adesão dos hipertensos ao tratamento e às boas práticas.
De acordo com Mion, uma pesquisa feita no próprio Hospital das Clínicas mostrou que 60% dos médicos hipertensos entrevistados disseram não tratar a sua pressão alta.
(AURELIANO BIANCARELLI)


Texto Anterior: Violência: Condenado trio que matou escolta de Alckmin
Próximo Texto: Panorâmica - Polícia: Comerciante é solto após 4 dias de sequestro
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.