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HIPERTENSÃO
Manifestação é resposta a documento norte-americano que criou categoria de pré-hipertensos; Brasil adota posição européia
Europeus "absolvem" pressão 12 por 8
DA REPORTAGEM LOCAL
Fica estabelecido que a pressão
arterial até 12,9 por 8,4 é absolutamente normal. A clássica 12 por 8
é ótima. Quem acaba de estabelecer e publicar tal classificação é a
Sociedade Européia de Hipertensão e a Sociedade Européia de
Cardiologia.
A manifestação dos europeus é
uma resposta ao documento do
JNC norte-americano (Joint National Committee), publicado há
dois meses, que criou a categoria
de pré-hipertenso para níveis entre 12/12,9 por 8/8,4.
"Sem nenhuma evidência científica, acrescentaram aos 25% de
hipertensos outros 25% de pré-hipertensos, apavorando milhões
de pessoas", diz Décio Mion Júnior, chefe da unidade de hipertensão do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP.
Segundo Mion, algumas "revistas brasileiras divulgaram essas
orientações como normas a serem seguidas, sem considerar as
recomendações brasileiras ou européias, muito mais maduras e
consistentes".
O Brasil adota a posição européia. "Se a sua pressão está 12,9
por 8,4, fique tranquilo; ela está
absolutamente normal", diz
Mion. Pelas classificações brasileira e européia, entre 13 e 13,9 por
8,5 e 8,9, a pessoa está num estágio "limítrofe" e deve reavaliar
seus níveis a cada seis meses. Para
os norte-americanos, já se trata de
um estágio de hipertensão.
De acordo com Mion, pelas
orientações do JNC norte-americano, metade da população precisaria de tratamento, embora nem
todos necessitem de remédio.
"Os que estão no estágio que
chamam de pré-hipertenso devem seguir o que os americanos
denominam de "ação orientada",
perdendo peso e adotando estilos
de vida mais saudáveis, praticando exercícios e reduzindo sal e bebida alcoólica."
Na verdade, essa também é a
conduta sugerida no Brasil e nos
países da Europa. "O que houve
foi apenas uma mudança de nomenclatura, que acaba assustando as pessoas. Eu defendo uma intervenção menos alarmista e mais
positiva, pois dessa forma se consegue maior adesão do paciente",
afirma Mion.
O grande desafio está justamente em convencer as pessoas a seguirem as orientações por dez, 20
ou 30 anos. Nem as informações
sobre as danos faz com que aumente a adesão dos hipertensos
ao tratamento e às boas práticas.
De acordo com Mion, uma pesquisa feita no próprio Hospital
das Clínicas mostrou que 60%
dos médicos hipertensos entrevistados disseram não tratar a sua
pressão alta.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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