São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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ANTONIO ALMEIDA DE CARVALHO (1922-2008)

Tonito e a "banheira" azul ano 1988

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

A mulher chamava de "banheira" o xodó de Tonito: um Del Rey ano 88, azul, que só ele sabia dirigir. Albertina, apelido Betty, dizia que, na hora de guiar, o carro do marido era "pesado". Por dentro, achava um conforto só.
Antonio Almeida de Carvalho adorava o veículo. Foi só melhorar um pouquinho da cirurgia na perna que já estava desfilando com a máquina pelas ruas da cidade.
Sentia prazer ao dirigir -e, da mesma forma, ao redigir seus textos. Se morria um conhecido, cabia a Tonito fazer a homenagem por escrito. Jornalista formado, saído da primeira turma da Faculdade Cásper Líbero, na capital, nunca exerceu a profissão.
Mas dava extremo valor aos estudos. Tanto que se formou também dentista, pela USP, no início dos anos 50. Não praticou o ofício.
Foi naquela época que entrou para a Secretaria de Estado da Saúde e, de lá, só saiu aposentado, nos anos 90. Sua especialidade era revisar processos, "a parte chata do trabalho", brinca Betty.
Em 1999, deu suporte técnico para a Unesco num convênio firmado com o Estado no combate à Aids e às DSTs.
Era um faz-tudo para a mulher. Ao longo dos últimos 56 anos, foi ele quem preparou o café da manhã. Achando-se mimada, Betty perguntou a ele, no hospital: "Como vou me virar agora?"
Morreu no dia 11, aos 85, em São Paulo, de falência múltipla de órgãos. Deixou uma filha e dois netos. Único dono, o Del Rey será vendido.

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