São Paulo, quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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Cliente acusa vigias do Carrefour de agressão

Januário Alves de Santana, 39, foi confundido com assaltante quando tentava entrar em seu carro, segundo seu advogado

Defensor diz ainda que ele foi tratado como suspeito por PMs; empresa afirma que vai colaborar com investigações e PM abriu procedimento

MARINA NOVAES
FOLHA ONLINE

O vigilante Januário Alves de Santana, 39, acusa cinco seguranças de uma loja do Carrefour em Osasco (Grande São Paulo) de tê-lo espancado após ser confundido com um assaltante. Segundo ele, a agressão ocorreu quando tentava entrar em seu automóvel -um Ford EcoSport- na noite do dia 7.
No início do mês, vigias do Dia%, pertencente à rede, foram acusados de matar um pedreiro em São Carlos (SP).
Santana, que é negro, registrou queixa na ocasião, e o caso será investigado pelo 9º DP de Osasco. Segundo o advogado dele, Dorgival Vieira do Santos, que preside uma ONG que combate o racismo, o vigilante foi vítima de preconceito racial tanto pelos seguranças da loja quanto pelos policiais militares que atenderam a ocorrência.
"O negro com aparência humilde é o suspeito padrão. Mesmo ensanguentado, todo maltratado, ele foi tratado como suspeito até pelos policiais militares que atenderam a ocorrência e teve que provar que o carro era seu para deixar o estacionamento", disse o defensor.
Segundo o advogado, o carro está registrado no nome da mulher de Santana, que fazia compras na loja com os dois filhos do casal naquele momento.
Santos diz ainda que seu cliente foi tratado como suspeito pelos PMs, que só autorizaram sua saída do mercado após a apresentação do documento, sem prestar socorro -ele próprio teve de ir a um hospital.
O advogado afirma que irá acionar na Justiça tanto o Carrefour quanto o Estado por danos morais. "Vamos acompanhar o andamento do inquérito policial. Ele passou pelos exames no IML [Instituto Médico Legal] e também vamos solicitar as imagens das câmeras de segurança da loja [para identificar os supostos agressores]."

Outro lado
O Carrefour disse, em nota, que "repudia toda e qualquer forma de agressão e desrespeito" e que "a empresa vai colaborar com as autoridades policiais para a rápida finalização das investigações e espera que os responsáveis [pela agressão] sejam rigorosamente punidos".
A Polícia Militar informou, também por meio de nota, que instaurou procedimento para apurar as denúncias do vigilante contra os policiais militares. O órgão disse ainda "que não compactua com nenhum tipo de discriminação".
No caso de São Carlos, dois seguranças de uma unidade do Dia% são acusados de espancar e causar a morte do pedreiro Ademir Peraro, 43. Laudo da Santa Casa local apontou morte por hemorragia interna e politraumatismo. A agressão ocorreu no dia 6.
De acordo com a polícia, o pedreiro foi levado ao banheiro e agredido com chutes, socos e um rodo, acusado de furtar coxinhas, pães de queijo e creme para os cabelos, no valor total de R$ 26.


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