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LEGISLATIVO
Falhas podem provocar veto do Executivo à alteração na lei do Psiu; proposta deve voltar à Câmara para nova votação
Lei para templos é aprovada com erros
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
ALESSANDRA BALLES
DA REDAÇÃO
Além de polêmico e de ter virado alvo de contestações, o projeto
que ameniza as regras do Psiu
(Programa de Silêncio Urbano)
para templos religiosos tem outra
característica: está recheado de
erros. A falha pode levar a proposta a ser vetada integralmente
pelo Executivo e fará com que ela
passe obrigatoriamente por uma
nova votação na Câmara.
O projeto, aprovado pelos vereadores paulistanos anteontem,
prevê a redução do valor da multa
de R$ 16 mil para patamares entre
R$ 500 e R$ 8.000, dependendo do
tamanho do templo.
Como vale somente para os
templos religiosos, donos de bares afirmam que vão à Justiça pedir extensão do benefício (leia
texto nesta página).
A alteração nas regras do Psiu
foi aprovada com o apoio de parte
da base governista como pagamento de um "favor" ao vereador
Carlos Apolinário (PGT), autor
da proposta de mudança.
Evangélico, Apolinário havia
acertado a aprovação da proposta
após dar o voto decisivo, em julho, para ser aprovado um projeto
da prefeita Marta Suplicy (PT). A
proposta tratava da criação de 788
cargos de confiança na prefeitura.
O problema é que, ao elaborar o
projeto, Apolinário cometeu falhas no artigo que trata do escalonamento de multas que devem
ser aplicadas no caso de os templos serem flagrados fazendo barulho acima do permitido pela lei.
Apolinário disse ontem que deverá apresentar hoje à Câmara
novo projeto corrigindo os erros.
No escalonamento, o vereador
deixou de prever multa para templos com capacidade entre 4.001 e
5.000 pessoas -a pena começa
com templos para 500 fiéis (veja
quadro ao lado).
Em outros três casos, o projeto
prevê a possibilidade de dois valores de multa serem aplicados.
Se o templo tiver capacidade para 3.000 pessoas, por exemplo, o
projeto prevê que um fiscal pode
escolher duas alternativas de multa: R$ 3.000 ou R$ 4.000.
"Se ele é fiscal, ele tanto pode
multar com o valor maior ou menor. Se ele [o fiscal" defender o
poder público, pode aplicar a
multa maior", chegou a defender
Apolinário ontem.
Quanto à falta de multa para
uma das faixas, a solução que o
parlamentar achou foi a de aplicar
a pena por "analogia". "Pode ser
pelo patamar mais baixo [R$
4.000" ou mais alto [R$ 8.000"".
Segundo o presidente da Câmara, José Eduardo Martins Cardozo
(PT), a solução não é tão simples.
"O problema terá que ser corrigido com a aprovação de um novo
projeto", disse o vereador, que votou contra a proposta.
Para o presidente da Comissão
de Constituição e Justiça da Câmara, Arselino Tatto (PT), o Executivo terá que vetar o artigo do
projeto que trata das multas por
causa dos erros.
Outros vereadores ouvidos pela
Folha afirmam que, devido às falhas, dificilmente a prefeita poderá sancionar em parte ou integralmente o projeto.
Ontem à tarde, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, Marta Suplicy avisou que tem
prazo de 15 dias úteis para apreciar o projeto em questão e que,
nesse período, deve avaliar se vetará ou sancionará a proposta.
Ontem, também foram procurados os secretários Valdemir
Garreta (Comunicação) e Jilmar
Tatto (Abastecimento) e o diretor
do Departamento de Fiscalização
do Silêncio Urbano, Glauco Aires.
Eles não responderam às ligações
feitas pela reportagem ou não
quiseram falar sobre o assunto.
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