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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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VIOLÊNCIA

Seis vítimas tiveram a orelha cortada no crime ocorrido em Limoeiro do Norte; polícia crê em represália de pistoleiro

Chacina deixa sete mortos e um ferido no CE

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LIMOEIRO DO NORTE (CE)

Sete pessoas foram mortas a tiros e uma ficou ferida no final da noite de anteontem no município de Limoeiro do Norte, a 200 km de Fortaleza. Há a suspeita de que a chacina tenha sido uma forma de represália promovida por supostos envolvidos em outra morte, a do radialista Nicanor Linhares, contra as investigações e prisões feitas pela polícia.
Linhares morreu no dia 30 de junho, dentro do estúdio da rádio da qual era proprietário, a FM Vale do Jaguaribe. A polícia ainda não prendeu os suspeitos, apenas seis pessoas que supostamente teriam colaborado com o assassinato. As investigações correm em segredo de Justiça e não foram divulgadas as causas do crime.
Os principais suspeitos tanto pelo crime contra o radialista quanto pela chacina são Cássio Santana Sousa, 25, e José Roberto dos Santos Nogueira, 24, conhecido como Chico Orelha, ambos foragidos. Outras cinco pessoas teriam participado dos crimes.
A principal causa da retaliação, segundo o secretário da Segurança Pública do Estado, Wilson Nascimento, teria sido a prisão, no dia 10, da mulher de Chico Orelha, Rossideyre Diógenes, em Mossoró (RN). Ela tinha prisão preventiva decretada por participar de um assalto a banco e foi levada para Russas, cidade vizinha a Limoeiro do Norte. Chico Orelha estava com ela no momento da prisão, mas conseguiu fugir.
"Não vamos ter sossego enquanto não prendermos esses pistoleiros", afirmou o secretário.
A chacina aconteceu por volta das 22h. Seis foram mortos com tiros na cabeça, após terem sido obrigados a deitar no chão, como indicou o exame feito pelo IML (Instituto Médico Legal).
Depois de baleadas, seis das vítimas tiveram a orelha cortada. Um dos mortos, o professor de inglês Juan Castro Brito, 22, teve a orelha colocada na boca, o que, na linguagem da pistolagem, significa que a pessoa foi "silenciada".
Nenhum dos mortos teria vínculos com a morte do radialista ou com grupos criminosos, segundo a polícia. "Foi uma covardia, quiseram medir força com a polícia e mataram gente inocente", disse o delegado Edmar Granja, à frente das investigações.
Os mortos estavam em locais diferentes: os dois primeiros estavam em uma casa, quatro estavam em um bar e o último, na própria casa, em uma rua próxima a esse bar (o único que não teve a orelha decepada). A mulher deste último foi ferida mas não corre risco de morte.


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