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Metrô agora vê falha primária em desencontro de túneis
Trata-se de um
erro de topografia
incompatível com
engenharia atual,
diz empresa
Desalinhamento na obra da linha 4 fez companhia sugerir,
de modo ambíguo, algum tipo de punição ao Consórcio Via
Amarela
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Metrô de São Paulo criticou ontem, por meio de nota, o
que agora considera ser uma falha "incompatível com o estágio atual da engenharia" o desencontro de túneis durante a
execução da obra linha 4-amarela (Luz-Vila Sônia), conforme revelou ontem a Folha.
Em comunicado à imprensa,
a companhia considerou primária a existência do desalinhamento de 80 cm entre as
duas frentes de escavação.
A empresa também indicou,
de maneira ambígua, a possibilidade de alguma punição ao
Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, embora
não tenha detalhado qual.
O Metrô informou que "todas as providências cabíveis"
serão tomadas depois de receber os esclarecimentos solicitados às empreiteiras e que haverá a "responsabilização do
consórcio, nos termos do contrato, assim como toda e qualquer falha de execução na obra
demandará a aplicação [...] de
medidas previstas em lei".
O problema ocorreu no último dia 10, em um ponto que
deveria ser a conexão dos túneis Caxingui/Três Poderes.
O Metrô fala em um desencontro lateral de 80 cm entre
as duas frentes de escavação,
enquanto trabalhadores da
obra chegaram a citar 1,5 m.
Especialistas dizem que parâmetros aceitáveis nesse caso
seriam de até 10 cm -para alguns, até menos.
O engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa e
especialista em trabalhos topográficos, considerou ontem a
informação "estarrecedora".
"É algo incompatível até na
engenharia primária. Os equipamentos de hoje são de precisão milimétrica. Você se organiza para uma diferença de até
uns 0,5 cm", afirma Bottura.
O engenheiro considera que
a falha põe em xeque a atividade topográfica da linha 4. Ele
afirma que a abertura da cratera na estação Pinheiros em janeiro, que deixou sete mortos,
foi precedida de um rebaixamento do nível do terreno.
"O erro lá, em tese, pode ter
sido também topográfico, na
falta de detecção do rebaixamento do terreno", avalia.
A opinião predominante de
especialistas foi a de que se trata de uma falha incomum e de
nível mediano. Um deles avaliou ser uma "barbeiragem".
O tom da nota do Metrô foi
diferente do dia anterior,
quando se limitou a relatar a
ocorrência. Mas a falha foi minimizada pelo governador em
exercício, Alberto Goldman
(PSDB). O titular, José Serra
(PSDB), está em viagem.
"Não chega a ser um acidente, não vai interferir no cronograma. Não sei detalhar os termos do contrato, só ele vai dizer se haverá punições", diz
Goldman, para quem a situação "não preocupa".
O Ministério Público Estadual vai pedir uma "auditoria
no local" ao IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas) "para
que se verifique a adequação do
controle executivo da obra".
O sindicato dos metroviários
pediu rompimento contratual.
"A obra não está sendo conduzida com a devida responsabilidade", disse Manuel Xavier Lemos Filho, diretor da entidade.
O custo da obra é de R$ 2 bilhões. As construtoras reivindicam mais R$ 180 milhões.
Colaborou CATIA SEABRA
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