São Paulo, quinta-feira, 20 de setembro de 2007

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400 carros de polícia estão parados no Rio

Frota, herdada dos Jogos Pan-Americanos, não pode circular porque comissão não definiu para onde irão os veículos

Automóveis estão em um estacionamento a céu aberto enquanto policiais circulam em carros com más condições de manutenção

Rafael Andrade/Folha Imagem
Cerca de 400 carros comprados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública estão parados desde o encerramento dos Jogos Pan-Americanos, em julho; seu destino depende de um relatório

DA SUCURSAL DO RIO

Parte da herança do Pan para a segurança no Rio está parada, emperrada pela burocracia. Cerca de 400 carros comprados pela Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) estão, desde o encerramento dos Jogos Pan-Americanos no final de julho, parados, sem uso, aguardando relatório de uma comissão criada pela secretaria estadual de Segurança Pública para definir seu destino.
Enquanto os técnicos demoram quase dois meses para decidir para que batalhões da PM ou delegacias da Polícia Civil vão os novos carros, a criminalidade no Estado voltou a aumentar após o fim do Pan -reflexo da diminuição da presença ostensiva da polícia-, como mostram os dados divulgados pelo ISP (Instituto de Segurança Pública).
O total de roubos no Estado, por exemplo, caiu 11,2% de junho para julho. Este tipo de registro subiu 12,4% no mês passado, em comparação com o mês do Pan.
A Senasp e o Estado do Rio divergem quanto à posse dos veículos. Segundo a secretaria estadual, os carros já lhe foram doados; a Senasp diz que estão sendo recolhidos e vistoriados para posterior distribuição para unidades da Federação, inclusive o Rio, que tem promessa de receber 75% deles -de um total de 1.800 carros.
As centenas de Fiats Palio, Palio Weekend, Blazers, furgões e ambulâncias -grande parte equipada com computador de bordo- estão parados em filas, em estacionamento a céu aberto, improvisado no Centro de Formação de Praças da Polícia Militar, em Sulacap (zona oeste do Rio).
Nas ruas, policiais militares e civis continuam a patrulhar em carros antigos, mal conservados e com defeitos mecânicos.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio afirmou que os 400 carros estão parados à espera de relatório de comissão formada para direcionar o equipamento que ficou como "legado do Pan".
De acordo com a secretaria, cerca de 150 dos automóveis entregues pela Senasp já estão sendo usados.
"A burocracia só prejudica a própria corporação. Há viatura na rua com retrovisor quebrado, capô amarrado com arame, pneu careca, vidro trincado. Os carros rodam 24h, sem manutenção. Quando dá algum problema, fazem canibalismo: tiram de um para pôr no outro", criticou o presidente da Assinap (Associação dos Ativos, Inativos e Pensionistas das PMs e Corpos de Bombeiros do Brasil), Miguel Cordeiro.

Terceirização
A Secretaria de Segurança do Rio planeja terceirizar parte da frota, por meio de leasing, já com a manutenção incluída.
A PM disse que a manutenção dos carros é um problema de custosa solução. Em fevereiro, o Centro de Manutenção de Material tinha cerca de 300 carros no pátio para ser recuperados. À época, o comandante-geral, Ubiratan Ângelo, admitiu o problema e disse que não havia orçamento próprio para o centro, subordinado à Diretoria Geral de Apoio Logístico.


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