São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2008

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Greve suspende visita a preso e clima fica tenso em cadeias

Ao menos 294 presos e presas ficaram sem visitas nesta semana na região de Ribeirão Preto

OAB e funcionários temem que haja rebeliões; por causa da superlotação, situação é mais grave nas cadeias femininas

ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO

Com a greve de policiais civis de São Paulo, visitas a presos em cadeias públicas foram suspensas em algumas cidades do interior do Estado. Na região de Ribeirão Preto, pelo menos 294 presos e presas ficaram sem visitas nesta semana. Também foi suspensa a entrega de alimentos levados por parentes.
Integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB e funcionários das cadeias públicas, principalmente das superlotadas, dizem que a medida deixou o clima tenso entre os presos e temem rebeliões.
De 20 unidades prisionais ligadas à Secretaria da Segurança Pública, apenas seis mantiveram as visitas normalmente.
Outras cinco cadeias da região de Ribeirão, entre elas a de Franca, que juntas abrigam cerca de 600 presos, podem suspender as visitas na próxima semana, caso a paralisação dos policiais continue.
"Aqui só fizemos a visita porque foi na quarta-feira e não deu tempo para cancelar. Para a próxima semana, se a greve continuar, o delegado já avisou que não vai ter [visitas]", afirmou uma funcionária da cadeia feminina de Batatais, que abriga hoje 96 mulheres em celas onde cabem 21.

Superlotação
A situação é mais grave nas cadeias femininas devido à superlotação. Em Cajuru, onde 87 presas dividem o espaço de 20, e em Pradópolis, que tem 67 detentas para 24 vagas, os funcionários temem a revolta das internas caso as visitas voltem a ser canceladas.
A Comissão dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão Preto questionou a decisão dos delegados responsáveis pelas unidades, apesar de apoiar o movimento dos policiais.
"A greve é justa, mas considero que as visitas são essenciais para a ressocialização dos presos e deveriam ser mantidas. O cancelamento pode ser uma ameaça à manutenção da paz, somado à superlotação e à falta de estrutura. Pode ser a gota d'água em um balde que já está cheio", afirmou a coordenadora da comissão, Ana Paula Vargas de Mello.
A diretora regional do Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo), Maria Alzira Corrêa, disse que as visitas não são consideradas emergenciais. Segundo ela, a região segue as orientações da cartilha estadual da greve.
"Com exceção feita a advogados e oficiais de Justiça com alvarás de soltura, o movimento entende que as visitas não são emergenciais. Pedimos que a sociedade entenda e nos ajude a pressionar o Estado", disse.
A Secretaria da Segurança Pública disse que o Deinter 3, responsável pela região, não foi informada dos cancelamentos e, portanto, não tomou nenhuma providência. A secretaria não opinou sobre a suspensão das visitas.
Nas cadeias públicas da capital paulista, as visitas a presos e entrega de alimentos por parentes continua normal, segundo entidades de policiais civis.
A partir de segunda, segundo Sergio Roque, presidente da Associação dos Delegados de São Paulo, grevistas vão seguir o governador José Serra (PSDB) para pressioná-lo.


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