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Greve suspende visita a preso e clima fica tenso em cadeias
Ao menos 294 presos e presas ficaram sem visitas nesta semana na região de Ribeirão Preto
OAB e funcionários temem que haja rebeliões; por causa da superlotação, situação é mais grave nas cadeias femininas
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Com a greve de policiais civis
de São Paulo, visitas a presos
em cadeias públicas foram suspensas em algumas cidades do
interior do Estado. Na região de
Ribeirão Preto, pelo menos 294
presos e presas ficaram sem visitas nesta semana. Também
foi suspensa a entrega de alimentos levados por parentes.
Integrantes da Comissão de
Direitos Humanos da OAB e
funcionários das cadeias públicas, principalmente das superlotadas, dizem que a medida
deixou o clima tenso entre os
presos e temem rebeliões.
De 20 unidades prisionais ligadas à Secretaria da Segurança Pública, apenas seis mantiveram as visitas normalmente.
Outras cinco cadeias da região de Ribeirão, entre elas a de
Franca, que juntas abrigam
cerca de 600 presos, podem
suspender as visitas na próxima semana, caso a paralisação
dos policiais continue.
"Aqui só fizemos a visita porque foi na quarta-feira e não
deu tempo para cancelar. Para
a próxima semana, se a greve
continuar, o delegado já avisou
que não vai ter [visitas]", afirmou uma funcionária da cadeia
feminina de Batatais, que abriga hoje 96 mulheres em celas
onde cabem 21.
Superlotação
A situação é mais grave nas
cadeias femininas devido à superlotação. Em Cajuru, onde 87
presas dividem o espaço de 20,
e em Pradópolis, que tem 67 detentas para 24 vagas, os funcionários temem a revolta das internas caso as visitas voltem a
ser canceladas.
A Comissão dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Ribeirão
Preto questionou a decisão dos
delegados responsáveis pelas
unidades, apesar de apoiar o
movimento dos policiais.
"A greve é justa, mas considero que as visitas são essenciais
para a ressocialização dos presos e deveriam ser mantidas. O
cancelamento pode ser uma
ameaça à manutenção da paz,
somado à superlotação e à falta
de estrutura. Pode ser a gota
d'água em um balde que já está
cheio", afirmou a coordenadora da comissão, Ana Paula Vargas de Mello.
A diretora regional do Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis do Estado de São Paulo),
Maria Alzira Corrêa, disse que
as visitas não são consideradas
emergenciais. Segundo ela, a
região segue as orientações da
cartilha estadual da greve.
"Com exceção feita a advogados e oficiais de Justiça com alvarás de soltura, o movimento
entende que as visitas não são
emergenciais. Pedimos que a
sociedade entenda e nos ajude
a pressionar o Estado", disse.
A Secretaria da Segurança
Pública disse que o Deinter 3,
responsável pela região, não foi
informada dos cancelamentos
e, portanto, não tomou nenhuma providência. A secretaria
não opinou sobre a suspensão
das visitas.
Nas cadeias públicas da capital paulista, as visitas a presos e
entrega de alimentos por parentes continua normal, segundo entidades de policiais civis.
A partir de segunda, segundo
Sergio Roque, presidente da
Associação dos Delegados de
São Paulo, grevistas vão seguir
o governador José Serra
(PSDB) para pressioná-lo.
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