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Eles defendem maior ênfase em doenças comuns e menor espaço para moléstias complexas
Alunos querem alterar currículo
da Reportagem Local
A reivindicação por mudanças
urgentes nas escolas médicas se
transformou numa das palavras
de ordem do movimento estudantil. Nos últimos encontros
nacionais de estudantes de medicina (Denem), esse foi o assunto
principal. Dez dias atrás, o tema
dominou o congresso da Associação Brasileira de Ensino Médico (Abem), realizado em Uberaba (MG).
Na quinta-feira passada, o grupo que defende mudanças no
currículo venceu a eleição do
Caoc, o Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, da Faculdade de
Medicina da USP.
"Vivemos no país da diarréia e
da esquistossomose e só aprendemos a lidar com doenças raras
e complexas", diz Tatiana Zorub
de Paula Assis, 21, terceiranista
da faculdade e eleita para a coordenadoria de ensino médico da
nova chapa.
Mariana Spadini dos Santos,
19, segundo ano, eleita vice-presidente do Caoc, diz que a escola
deve se aproximar da comunidade. "Só tivemos duas aulas em
postos de saúde", afirma. "Lá
você vê a realidade do paciente,
sabe como vive, quais suas condições de higiene. Aqui no Hospital das Clínicas você aprende
qual remédio receitar. Lá no
bairro você sabe se o paciente
tem condições de comprar e de
tomar este remédio." Para a diretoria do Caoc, o estudante precisa estar em contato com a realidade, "precisa aprender a tratar
o paciente, e não apenas o órgão".
Os estudantes reconhecem que
a Faculdade de Medicina da USP
está entre as escolas que mais
mudanças estão fazendo. O
"currículo nuclear", por exemplo, que está sendo introduzido,
permite uma formação mais humanística do estudante.
"Nossa função é apressar essas
mudanças, porque a tendência
dos professores é conservar o
que vem sendo feito", diz Tatiana. "O estudante tem que gritar,
exigir." A chapa eleita se chama
"o grito".
Mariana acha que o currículo
da escola induz o estudante a se
especializar, deixando em segundo plano a clínica médica. As
empresas de medicina de grupo,
segundo os estudantes, também
são culpadas pela quebra da relação médico-paciente. "Há uma
rede de interesses, que envolve o
médico e que acaba reduzindo as
consultas a 15 minutos", diz.
Entre as propostas da chapa
eleita, está a participação dos
alunos no programa "universidade solidária", que trabalha em
favelas, e a realização de pesquisa
para saber o que os estudantes
esperam da faculdade.
(AB)
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