São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 2000

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TRANSPORTE
Cidade teve 1.110 vítimas fatais nos primeiros nove meses do ano; é o menor número desde a criação da CET
Morte no trânsito de SP tem nível mais baixo

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo registrou neste ano o número mais baixo de mortes no trânsito, de janeiro a setembro, desde a criação da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), nos anos 70: foram 1.110 vítimas fatais, quantidade 2,5% inferior ao recorde anterior (1.139), no mesmo período de 98.
Nos últimos 12 meses, o índice de mortos por 10 mil veículos foi 3,1. Em 1977, quando a CET fez a primeira contagem, foi 19,5.
Apesar da redução, a violência no trânsito ainda supera em mais de 100% a média de países desenvolvidos. Reino Unido e Suécia, por exemplo, apresentam 1,2 vítima fatal a cada 10 mil veículos.
"Até o final do ano, nossa meta é baixar para 3 (o índice de mortos por 10 mil veículos). Os parâmetros internacionais consideram que esse é um indicador de trânsito seguro", afirma Luiz de Carvalho Montans, chefe da Assessoria de Segurança de Trânsito da CET.
A tendência de redução das mortes no trânsito em São Paulo se intensificou nesta década. De 1990 para cá, o número de vítimas fatais caiu 45%. A média mensal de acidentes, porém, subiu 14%.
"Os congestionamentos se agravaram. Com o tráfego mais confuso, o número de colisões aumenta. Mas a velocidade dos veículos diminui, o que reduz a gravidade dos acidentes", afirma Laurindo Junqueira, diretor da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos).
Montans e Junqueira apontam três motivos principais para a queda da violência no trânsito: a instalação de radares e lombadas eletrônicas, que controlam o excesso de velocidade; as novas regras do Código de Trânsito Brasileiro, como a concessão de habilitação provisória, por um ano, aos motoristas que acabaram de tirar a carteira; e a difusão de novos equipamentos de segurança dos veículos, como airbag.
O diretor da ANTP ressalva que a recuperação deste ano pode ser "efêmera". "Há pesquisas nos Estados Unidos indicando que o bom andamento da economia ajuda a reduzir as mortes no trânsito. As pessoas saem menos nervosas de casa."
Em 1999, a CET havia registrado elevação de 8% do número de mortes, após um ano de queda histórica em São Paulo. A empresa atribuiu os números a um possível relaxamento das regras do código de trânsito.
"O perigo, agora, é a compensação do risco. Com o passar do tempo, os motoristas acham que estão mais seguros com airbag, por exemplo, e voltam a abusar da velocidade", diz Junqueira.


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