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Jovem é morto por segurança de shopping
Segundo testemunhas, rapaz de 26 anos foi assassinado durante discussão, em Campinas, após ter derrubado cones de sinalização
Segurança fugiu logo após o crime; shopping Iguatemi afirma que empresa faz segurança do local
há mais de dez anos
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
"O que eu fiz?", perguntou
Rafael Silva de Paula Moreira,
de 26 anos, momentos antes de
receber um tiro no rosto. O autor do disparo foi Roberto Aparecido Lopes, segurança do
Shopping Center Iguatemi, em
Campinas (SP). O motivo do assassinato, segundo testemunhas, foi uma discussão após o
jovem e um grupo de amigos terem derrubado cones de sinalização na saída do shopping.
Rafael, técnico em radiologia,
havia ido ao shopping, na noite
de anteontem, com outros cinco amigos em três motos comprar ingressos para um show. O
crime ocorreu no horário de
maior movimento da saída do
shopping, por volta das 22h. O
segurança fugiu após cometer o
crime.
Rafael era filho único do PM
aposentado Donizete de Paula
Moreira, 51, e da manicure Silvia. Ele foi enterrado ontem,
por volta das 16h30, diante de
pelo menos 200 pessoas.
"Eu só tinha ele. Este mundo
está louco. A sociedade precisa
mudar", disse o pai de Rafael.
Segundo ele, o filho iria prestar
biomedicina no ano que vem.
"Ele ia ao shopping desde pequeno. Pegava os patins e ia lá
porque achava que era seguro",
afirmou o pai.
Testemunhas relataram à
polícia que Rafael e o grupo de
amigos derrubaram alguns cones de sinalização na saída do
shopping. Em seguida, foram
abordados por seguranças.
Houve discussão, e Rafael foi
atingido pelo disparo. O tiro
atravessou o crânio.
O segurança, contratado pela
empresa de segurança terceirizada Verzani & Sandrini Segurança Patrimonial, continuava
foragido até a conclusão desta
edição. Ele ainda deixou a arma
do crime com colegas antes de
fugir. A polícia espera que ele se
apresente hoje -quando vence
o prazo de 24 horas para prisão
em flagrante.
O shopping e a empresa de
segurança afirmaram que a
Verzani & Sandrini possui as
autorizações exigidas pela PF
para atuar com seguranças armados. A empresa presta serviço ao shopping, que recebe cerca de 1,9 milhão de pessoas por
mês, há mais de dez anos.
Rafael, que morava no bairro
Jardim Proença, de classe média, ainda foi levado ao hospital
pela ambulância do próprio
shopping, mas não resistiu.
"Ele era uma pessoa muito
querida. Foi comprar um ingresso para ir a um show e estava feliz. Acabou morto brutalmente", disse Ana Carolina, 21,
amiga da vítima. Rafael namorava há sete anos. Ontem, a namorada dele, Vanessa, preferiu
não falar sobre o crime.
Segundo o pai, a turma do filho tinha mania de fazer balizas
em cones, mas nunca tinha a
intenção de derrubá-los. "Ele
adorava motos", afirmou.
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