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Vi apenas um paredão, diz mergulhador
Sobreviventes contam que tentaram salvar vítimas do acidente na baía de Guanabara; os oito corpos já foram encontrados
Entre as vítimas, Oswaldo do Prado era tido como uma "lenda'; Esmeraldo Moreira, também morto, estava prestes a se aposentar
ITALO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
"Vi apenas um paredão branco na minha frente e depois
senti o impacto" -assim o mergulhador Eliaser Chaves de Oliveira, 32, descreve o momento
do choque entre a traineira em
que estava e um cargueiro,
ocorrido na última terça, na
baía de Guanabara, no Rio. Oito
tripulantes da embarcação pequena morreram. Os corpos já
foram encontrados.
"Na hora foi muito rápido.
Entre três e cinco minutos, o
barco tinha afundado completamente", relata.
Hospedados em um hotel na
Ilha do Governador, no Rio, os
quatro sobreviventes contaram
que estavam na parte traseira
do barco. Thiago Batista Barros, 22, estava na cozinha e conseguiu sair logo após a batida.
Ele disse que, enquanto a traineira afundava com a parte
dianteira para baixo, chegou a
ficar em pé no convés. "Devido
ao repuxo, fiquei embaixo d'água por quase dois minutos."
Mesmo com a embarcação
completamente afundada, eles
tentaram socorrer os companheiros, mas foram impedidos
assim que homens da Capitania
dos Portos chegaram.
Sem querer atribuir culpa, os
mergulhadores disseram que
não prestavam atenção no trajeto que a traineira fazia. Eles
afirmaram que costumam trabalhar 21 dias e folgar sete.
Quando o tempo não está bom,
atracam em Jurujuba, em Niterói. Na terça-feira, haviam parado antes para comprar mantimentos. A caminho de Niterói, ocorreu o acidente.
Companheiros
Segundo os mergulhadores,
Esmeraldo José Moreira, 60,
morto no acidente, morava no
Guarujá, tinha 28 anos de profissão e estava prestes a encerrar a carreira. "Ele sempre falava disso para mim: "Estou quase
conseguindo parar...". Ele já tinha entrado com a papelada e
tudo", disse Barros.
Todos falam com admiração
de Oswaldo Antunes do Prado,
61, que tinha mais de 40 anos de
profissão e também morreu.
Classificado como uma "lenda"
por Fonseca, era o supervisor
do grupo. "Ele raramente mergulhava. Só quando tínhamos
um problema que ninguém
conseguia resolver, ele dava um
jeito", contou Barros.
Na frente do Instituto Médico Legal, o pescador Luiz de
Paula Silva, pai do marinheiro
Gustavo de Lima Silva, 30, uma
das vítimas, afirmou que o filho
começara na profissão há um
ano. "Ele parecia feliz com o
novo emprego. Foi pescador a
vida toda, mas não parecia estar
com medo", afirmou.
Gustavo deixou um filho de
cinco anos, assim como o mergulhador Panaiote de Oliveira
Nitrogianes, 37, morador de Vitória (ES). O marinheiro foi enterrado no final da tarde de ontem em Niterói.
O corpo do mergulhador Elivelton Azevedo da Silva, 25, foi
levado para Cachoeiras de Macacu, a 98 km do Rio. O outro
marinheiro foi identificado como Robson Ledoux Alves, e o
mestre-arrais, como Luis Veríssimo Istanislau.
O gerente da Tecsub Engenharia Subaquática, que contratou o barco da Costa Azul,
Isaac Fonseca, afirmou que ele
estava em ótimas condições.
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