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"É direito do consumidor ter informação"
Para diretor de organização internacional, Richard Lloyd, Justiça brasileira não deve barrar direitos já conquistados
Segundo ele, consumidores têm buscado mais informações de órgãos independentes, e "consumo ético" tem ganhado força
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAl
Os consumidores têm o direito de comparar por meio de
testes produtos e serviços oferecidos no mercado, precisam
se organizar para limitar propagandas consideradas prejudiciais às crianças, devem saber
qual a relação de seus médicos
com a indústria farmacêutica e
podem até pressionar empresas para que assumam sua responsabilidade social. Para o diretor-geral da Consumers International (organização que
reúne 230 entidades de defesa
do consumidor em 115 países),
Richard Lloyd, a Justiça não
deve barrar direitos conquistados por consumidores.
FOLHA - A Justiça tem proibido a divulgação de testes por parte de entidades de defesa do consumidor.
Não é um retrocesso?
RICHARD LLOYD - Companhias
em muitos países têm tentado
resistir aos testes feitos por organizações de consumidores,
mas elas estão míopes. Os testes com produtos são acompanhados de perto pelas empresas, mas muitas se negam a melhorar seus produtos e serviços.
Há outras, porém, que reconhecem a seriedade dos testes e
pedem para que seus produtos
sejam incluídos, porque uma
recomendação positiva ajuda
nas vendas. A Justiça brasileira
não deve impedir a publicação
dos testes, porque é um direito
do consumidor ter acesso à informação. As ações das empresas são um ataque ao trabalho
independente das entidades.
FOLHA - Novas normas limitam
propagandas dirigidas às crianças
na televisão. É direito do consumidor não ser obrigado a aceitar qualquer tipo de publicidade?
LLOYD - O consumidor tem esse direito. Em alguns lugares,
consumidores têm se mobilizado para a retirada de propagandas consideradas prejudiciais,
como anúncios de "junk food"
para crianças, e tem dado certo.
FOLHA - Sua entidade tem feito
uma campanha pela transparência
das ações de marketing das indústrias farmacêuticas. A relação médico-empresa é muito próxima?
LLOYD - A transparência das
práticas de marketing é fundamental nesse setor. Indústrias
farmacêuticas investem bilhões de dólares para convencer médicos, farmacêuticos e
consumidores a comprar seus
produtos. Patrocinando pacientes, financiando campanhas e oferecendo facilidades a
médicos, empresas têm encontrado caminhos para influenciar a opinião do consumidor.
Consumidores têm o direito de
saber como médicos prescrevem remédios e de que forma
são influenciados pelo relacionamento com companhias.
FOLHA - O consumidor está mais
atuante nos últimos anos?
LLOYD - O chamado "consumo
ético" tem ganhado força. Os
consumidores querem mais informações de órgãos independentes, feitas com qualidade. A
novidade é que cada vez mais
estão pressionando para saber
sobre o impacto social dos produtos. Empresas estão começando a construir reputações
com ações sociais e a se preocupar com o ambiente, porque é
uma exigência dos consumidores. Essas serão as companhias
de sucesso neste século.
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