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Disparos atingiram áreas vitais, diz registro
11 supostos traficantes mortos foram atingidos na cabeça, tórax ou barriga
Estudo internacional usado pela própria PM do Rio indica que confrontos costumam resultar em lesões nas extremidades
DA SUCURSAL DO RIO
As guias de óbito (registros)
de 11 dos 13 supostos traficantes mortos na favela da Coréia
(zona oeste) mostram que todos receberam tiros na cabeça,
no tórax ou na barriga. Morreram quase instantaneamente,
embora os corpos tenham sido
levados para o hospital. Um dos
mortos tinha 14 anos.
A constatação de que as balas
atingiram partes vitais do organismo contraria as conclusões
de estudo internacional sobre
casos de ferimentos por arma
de fogo divulgado em palestras
da própria PM do Rio.
De acordo com o trabalho, as
extremidades (braços e pernas)
representam 66% das áreas
atingidas durante confrontos
entre policiais e criminosos.
Cabeça e pescoço são alvos
de 11% dos tiros; tórax, 9%; lesões no abdômen, 11%; 2% são
em locais não descritos e 1% em
órgãos genitais.
A retirada dos cadáveres dos
locais das mortes é uma forma
que a polícia tem adotado para
a perícia do IML. Também não
houve esse exame na matança
ocorrida no complexo de favelas do morro do Alemão (zona
norte) em 27 de junho.
Na ocasião, 19 acusados de
envolvimento com o tráfico de
drogas foram mortos em uma
megaoperação coordenada pela Polícia Civil.
Como agora, também no Alemão as vítimas foram atingidas
na cabeça, tórax e barriga. A
maioria delas, conforme revelaram os laudos do IML e da
Comissão de Direitos Humanos da OAB, recebeu tiros pelas
costas e a curta distância, o que,
para instituições de defesa dos
direitos humanos, representa
indício de execução.
As guias de óbito são os documentos que o IML encaminha
aos cemitérios junto com os cadáveres e a autorização dos sepultamento. Sem a guia, os enterros não podem acontecer.
A guia informa o nome, a idade, a profissão, a filiação, o endereço, a identidade de quem
reconheceu o corpo no necrotério e a causa da morte.
A polícia diz que só irá se pronunciar quando os laudos oficiais ficarem prontos. Eles detalham o que aconteceu ao corpo, a trajetória dos disparos e o
que provocou a morte.
Trazem croquis das vítimas,
com os pontos de entrada e saída dos projéteis. Já as guias de
óbitos são sucintas. Informam
apenas o ponto do corpo em
que a vítima foi atingida e listam as lesões fatais causadas
pelo ferimentos de penetração.
Maicon de Souza,14, foi baleado na cabeça e no tórax.
Leandro Gomes Marques, 17,
foi baleado no tórax. Marcos
Vinícius Ramos Pinto, 17, foi
atingido no tórax e no abdome.
(SERGIO TORRES)
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