São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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Disparos atingiram áreas vitais, diz registro

11 supostos traficantes mortos foram atingidos na cabeça, tórax ou barriga

Estudo internacional usado pela própria PM do Rio indica que confrontos costumam resultar em lesões nas extremidades

DA SUCURSAL DO RIO

As guias de óbito (registros) de 11 dos 13 supostos traficantes mortos na favela da Coréia (zona oeste) mostram que todos receberam tiros na cabeça, no tórax ou na barriga. Morreram quase instantaneamente, embora os corpos tenham sido levados para o hospital. Um dos mortos tinha 14 anos.
A constatação de que as balas atingiram partes vitais do organismo contraria as conclusões de estudo internacional sobre casos de ferimentos por arma de fogo divulgado em palestras da própria PM do Rio.
De acordo com o trabalho, as extremidades (braços e pernas) representam 66% das áreas atingidas durante confrontos entre policiais e criminosos.
Cabeça e pescoço são alvos de 11% dos tiros; tórax, 9%; lesões no abdômen, 11%; 2% são em locais não descritos e 1% em órgãos genitais.
A retirada dos cadáveres dos locais das mortes é uma forma que a polícia tem adotado para a perícia do IML. Também não houve esse exame na matança ocorrida no complexo de favelas do morro do Alemão (zona norte) em 27 de junho.
Na ocasião, 19 acusados de envolvimento com o tráfico de drogas foram mortos em uma megaoperação coordenada pela Polícia Civil.
Como agora, também no Alemão as vítimas foram atingidas na cabeça, tórax e barriga. A maioria delas, conforme revelaram os laudos do IML e da Comissão de Direitos Humanos da OAB, recebeu tiros pelas costas e a curta distância, o que, para instituições de defesa dos direitos humanos, representa indício de execução.
As guias de óbito são os documentos que o IML encaminha aos cemitérios junto com os cadáveres e a autorização dos sepultamento. Sem a guia, os enterros não podem acontecer.
A guia informa o nome, a idade, a profissão, a filiação, o endereço, a identidade de quem reconheceu o corpo no necrotério e a causa da morte.
A polícia diz que só irá se pronunciar quando os laudos oficiais ficarem prontos. Eles detalham o que aconteceu ao corpo, a trajetória dos disparos e o que provocou a morte.
Trazem croquis das vítimas, com os pontos de entrada e saída dos projéteis. Já as guias de óbitos são sucintas. Informam apenas o ponto do corpo em que a vítima foi atingida e listam as lesões fatais causadas pelo ferimentos de penetração.
Maicon de Souza,14, foi baleado na cabeça e no tórax. Leandro Gomes Marques, 17, foi baleado no tórax. Marcos Vinícius Ramos Pinto, 17, foi atingido no tórax e no abdome. (SERGIO TORRES)


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